domingo, 10 de fevereiro de 2013

Descarrilamentos em Algés e Caxias em 8 de fevereiro


O orgulho e a satisfação do senhor secretário de Estado dos Transportes, por ter conseguido o equilíbrio operacional das empresas publicas de transportes, não terão sido afetados, tão seguro que ele deve estar na cruzada contra as “regalias” dos seus trabalhadores. Ignorando os alertas dos sindicatos e de alguns técnicos.

É verdade que é sempre possível que por trás destes acidentes estejam causas fortuitas  que simplesmente ocorrem de acordo com a estatística aleatória.
Mas eu sinto indignação perante a ignorancia atrevida de quem manda e se orgulha de equilibrar o saldo operacional à custa de cortes da despesa e de querer reduzir no orçamento de estado de 2013 20% do quadro de pessoal das empresas públicas (o FMI tinha sugerido um corte entre 10 e 20% no funcionalismo publico).
Porque existe uma correlação entre os meios e a qualidade de serviço, entre os cortes na manutenção e os acidentes.
O atual ministério da Economia e Transportes já passou as marcas.
Possivelmente por ignorancia, se se quiser ser benévolo, se não quisermos acusar os senhores governantes de quererem favorecer grupos privados relativamente às empresas públicas (é chocante ver o senhor consultor do governo, António Borges, falar sobre os esperados melhores resultados com a gestão privada, mesmo sem ter trabalhado em empresas de transportes) .
Ainda em Janeiro descarrilou uma automotora na linha da Beira Alta (lá estão as economias, é muito bonito fechar Cáceres, mas qualquer problema na via unica interrompe o serviço internacional). Parece que houve queda de pedras no caso da linha da Beira Alta (tem-se poupado nas equipas de inspeção da via e da sua envolvente, parece;  e lembremo-nos que ainda está de pé a hipótese de excesso de vegetação na envolvente da linha de Alfarelos na origem da perda de aderencia).
Não é possivel manter sistemas ferroviários com estas economias.
Para alem disto, a inoperancia do GISAF é um escandalo.

A agulha que provocou o desvio e descarrilamento é simétrica relativamente à  do primeiro plano; o deslocamento do comboio é no sentido para o observador


É  provável que a ponta da agulha em Caxias, no descarrilamento do comboio que vinha atrás, estivesse danificada e entreaberta (mas então o mais certo seria o sinal estar proibitivo) por alguma coisa estar suspensa do bogie do primeiro comboio que descarrilou em Algés , mais perto de Lisboa, e forçado a lança curva (ver a constituição das agulha na fotografia). Não creio que se o bogie fosse a arrastar, simplesmente, isto é, a patinar, tivesse danificado a agulha.
Mas é preciso saber o estado dos sinais, se se estava a pensar fazer uma manobra de ultrapassagem ou não.
Se o motor de agulha não tiver um dispositivo temporizador que desligue a alimentação do motor um tempo depois de dada a ordem, as lanças podem mover-se com o circuito de via ocupado, se houver prisão da embraiagem do motor de agulha entretanto vencida, deixando passar as primeiras carruagens e desviando as seguintes. Ignoro se os motores de agulha da linha de Cascais têm esse dispositivo que deverá ser fail-safe. Mas esta parece ser, sem informações concretas sobre os acidentes, uma hipótese remota.

Dizem os decisores que não há dinheiro (mas terão os senhores governantes que participaram na recente reunião sobre o orçamento da UE posto esta questão, que Portugal precisa de fundos de coesão para melhorar as suas redes de transporte energeticamente mais eficientes?) muito embora se assista ao financiamento do Banif e das empresas da ex-SLN/BPN.
Enfim, estamos numa fase em que tem de se discutir claramente se se quer continuar a desperdiçar dinheiro de todos nós em transportes com combustíveis fósseis, desde o automóvel privado, passando pelos autocarros, até aos ineficientes aviões (claramente ineficientes para percursos de 300 a 700 km), ou se se põe a engenharia portuguesa a elaborar projetos concretos e não politicos que permitam perguntar-se aos senhores da Comissão Europeia se há dinheiro ou não para os realizar.
Porque se não há, não vale a pena estar a fazer planos muito bonitos de redução de emissão de CO2 e de eixos prioritários de redes transeuropeias, integrados numa união fictícia.
Salvo melhor opinião.


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