segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Confesso que gosto de os ler

Confesso que gosto de os ler, aos economistas que cumprem os deveres da sua militancia defendendo as politicas de austeridade do atual governo e reprovando o comportamento dos criticos.
Será um resquício insconsciente de masoquismo, porque, por exemplo, Ricardo Reis, professor na universidade de Columbia, acha que a maior parte das opiniões que por aí se vêem, na internet ou nas cartas às direções dos meios de comunicação social, são de "palermas" que não sabem nada de economia. Mais educado, Nogueira Leite chama incautos a quem se atreve a discordar ou a propor soluções que o pensamento dominante ignora olimpicamente (lembram-se da taxa Tobin? que será feito dela? e aquela comissão sobre os movimentos do multibanco? a SIBS não deixou?).
João Cesar das Neves, outro exemplo, embora delicado e evangélico na forma como escreve, acha que a culpa foi da população que gastou acima das suas posses numa bebedeira de crédito (pessoalmente acho que abaixo das capacidades, mas enfim).
Agora que se aproxima o fim do período de intervenção da troika (junho de 2014) os senhores economistas educadores debatem e explicam as diferenças entre um programa cautelar e um segundo resgate.
Como assumido "palerma" e  ignorante de economia, a ideia do programa cautelar lembra-me a proposta de há mais de 4 anos dos economistas de esquerda aterrorizados, para mutualização da dívida e redução dos juros.
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=economistas+aterrorizados
Mas eis que os nossos economistas educadores vêm agora explicar que o melhor é o programa cautelar, que o tribunal constitucional se chumbar o orçamento de estado vai lançar o país num segundo resgate e isso é muito mau (a teoria redentora de João Cesar das Neves até transformará esse mau no melhor que poderia suceder ao país se o segundo resgate ajudar a tirar o poder às grandes empresas que fazem prevalecer os seus interesses  e que paradoxalmente se queixam ao tribunal contitucional).
Só que fico confuso quando vejo um eminente professor como o senhor ex-ministro Campos Cunha explicar (sic) "se conseguirmos ultrapassar esta fase com um programa cautelar, é uma grande vitória para Portugal. É uma coisa bem diferente de ter um segundo resgate. Ainda estamos para ver o que é exatamente um programa cautelar ... "
Pois, como se dirá em Campo de Ourique,  o que era bom era um programa cautelar. Não sabemos o que é, mas era bom.
Vivam os economistas.


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