sábado, 26 de outubro de 2013

Neorrealismo na Europa do século XXI



http://www.youtube.com/watch?v=IK3Iflfyyls

O video do youtube mostra imagens de Ribnovo, aldeia bulgara, perto da fronteira com a Grecia.
A Bulgaria integra a UE e sofre os efeitos da crise.
Muitos dos habitantes estão desempregados e trabalham as terras produzindo tabaco. Toda a familia, incluindo as crianças em idade escolar, tem um trabalho intenso durante 8 meses, obtendo um rendimento anual de cerca de 4.000 euros .
A emigração tambem já não rende, uma vez que a maioria dos emigrantes ia para Espanha para trabalhar na agricultura.
Sabe-se o efeito nefasto que a privação da escola ou o trabalho infantil tem sobre o desenvolvimento das crianças e sobre as condições sociais.
Recolhi estes elementos de uma reportagem sobre o trabalho infantil na Europa, que passou na RTP Informação (por um lado cumpre-se o serviço público, por outro distrai-se a população com telenovelas e reality shows e oculta-se-lhe a realidade do falhanço da politica económica dominante).
Depois das imagens de Ribnovo o programa ocupou-se de Napoles, mostrando um rapaz de 13 anos trabalhando clandestinamente num café e as condições em que vive a familia: pais desempregados, duas irmãs de 4 e 9 anos.
O pai trabalhava numa pizaria que fechou.
A mãe mostra alimentos fornecidos pelo programa europeia de ajuda alimentar.
Passa-se fome na Europa, como na Coreia do Norte, como na Ucrania dos anos 30.
As 3 crianças, mal alimentadas, frequentam a escola.
A diretora informa que 60% das crianças faltam à escola para irem trabalhar clandestinamente.
Sabe-se o que isto dá no futuro: regressão e vandalismo.
A economia de Napoles está a regressar aos tempos do neorrealismo italiano do pós-guera.
Pode-se extrapolar da reportagem que 40% da população europeia vive na pobreza, que o desemprego afeta essa parte da população (não são os doentes e os inválidos que estão desempregados, são adultos válidos e que querem trabalhar) e que as desigualdades aumentam (a economia funciona para a população que tem emprego).
Salvo melhor opinião, tudo isto evidencia o falhanço da politica económica da UE que não está centrada no combate ao desemprego, antes se preocupa mais com a redução dos custos de produção, precisamente reduzindo os encargos com salários.
Não parece ser fisicamente possivel combater o desemprego sem emissão de moeda para pagar aos empregados, controlando a inflação, mas os sacerdotes da religião de Chicago não querem.
Nem os do centro burocrático da UE nem os seus seguidores do governo português, nem obviamente os banqueiros.
Como diz o poema de Vinicius,

                           "... Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
                                 Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
                                Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
                                Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.
...."

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