Nas notícias de hoje aparece a carta de milionários de Nova York propondo uma nova estrutura de impostos que não os beneficie e que permita combater as desigualdades crescentes e dar atenção às infraestruturas que a todos servem:
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/mundo/detalhe/milionarios_de_nova_iorque_em_carta_aberta_aumentem_os_nossos_impostos.html
Aparece também a notícia de um estudo do BCE sugerindo o estímulo do investimento público em Portugal, mediante seleção rigorosa dos empreendimentos:
http://economico.sapo.pt/noticias/bce-defende-estimulo-do-investimento-publico-em-paises-como-portugal_245360.html
Não deve comparar-se o que não é comparável, mas eu continuo a acreditar em João Cesar das Neves quando escreveu que em Portugal os ricos não pagam impostos.
Também é verdade que um aumento significativo dos impostos dos mais ricos apenas reduziria os indicadores de desigualdade e estimularia a evasão fiscal para outros países.
Mas isso apenas quer dizer que não existe capacidade em Portugal para aumentar significativamente o investimento privado (parece que a "espanholização da banca também quer dizer isso).
E como dizem os keynesianos e como escreveu John Steinbeck, que nada tinha de keynesiano, nas vinhas da ira, quando os privados falham tem de ser o investimento público a puxar pela economia.
E se o Estado não tem dinheiro nem pode endividar-se (por acaso a dívida pública do Japão, relativamente ao PIB, é maior) parece apenas ser possível recorrer aos fundos comunitário, aos CEF e ao plano Juncker. O problema porém, como há muito referido neste blogue, é que tem de se apresentar projetos credíveis, não intenções.
Por mim, há listas de investimentos necessários, mas não há projetos (pelo menos tornados públicos). E assim, a solução seria pedir aos nossos mentores de Bruxelas apoio técnico para elaborar esses projetos (já que não confiam nos que os técnicos portugueses têm vindo a dizer). Por sinal o plano Juncker previa isso, apoio técnico.
Neste país de manifestações contra o fecho de discotecas e contra o aumento de 6 cêntimos do litro do gasóleo, em 35% de peso dos combustíveis, e contra as portagens das auto-estradas, e de levantamento de coros de protesto contra a ideia de um novo aeroporto ou de uma linha de alta velocidade, talvez fosse uma solução.
No entanto, penso que seria bom analisar a lista do GT-IEVA, coisas como a linha em bitola europeia de Lisboa a Badajoz, de Sines ao Poceirão, de Aveiro a Salamanca, do Porto a Vigo, o fecho da Golada, a ampliação do molhe norte do porto da Figueira, a substituição da frota pesqueira com motorização por gás, a rede de mobilidade elétrica por hidrogénio produzido pelas renováveis, a ligação elétrica por cabo submarino da Galiza a França, e do Algarve a Marrocos, a transferencia do transporte individual para o coletivo, a complementarização do transporte urbano com redes de transporte a pedido com veículos de condução autónoma... o que há para fazer e que o imobilismo nacional, espalhado vertical e horizontalmente por toda a sociedade portuguesa, não deixa fazer.
Imobilistas...
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