domingo, 13 de março de 2016

nós, portugueses, e o latim

Oiço na antena 2 , no programa ciberdúvidas, a lamentação da professora de latim Susana Marta Pereira. Que os alunos até se interessavam pelo latim, pela pesquisa das raízes etimológicas. Mas as decisões superiores são no sentido de separar os doutoramentos de português dos de latim, e assim reduzir a apetência destes or falta de perspetivas de carreira.
A professora queixava-se de que na Alemanha e na Inglaterra dão mais atenção ao latim. Que há interesses e ideias por cá. Percebe, mas não entende. E que pode ser natural, que daqui a uns anos se reverta a situação.
http://www.rtp.pt/play/p263/e227729/paginas-de-portugues
«Países como Inglaterra, Alemanha e Espanha colocam, actualmente, nos seus curricula o ensino do Latim, por perceberem a sua relevância na aprendizagem de matérias tão diversas que vão desde a matemática à biologia, à filosofia, à literatura e à aprendizagem das línguas, entre elas o inglês e o alemão. Em Portugal segue-se o caminho oposto.»
[in jornal “Público” de 11/04/2014]

Eu sou mais pessimista. A linguagem influencia o pensamento, provavelmente por mecanismos neuronais, não sei, mas certamente por estar associada a lógicas e métodos de exposição e portanto de raciocínio.
Infelizmente predomina na cultura portuguesa o método imediatista, a forma primária de reagir. Os secundários são considerados limitados, uns impecilhos quando conduzem e não deixam os primários que vêm atrás ultrapassar, ou que nas reuniões as atrasam a pedir para explicar melhor o que os primários já disseram que entenderam (normalmente não entenderam).
Mário Cláudio falou na caraterística portuguesa da boçalidade, e Guerra Junqueiro foi ainda mais depreciativo, ao declarar o povo resignado e subordinado às elites.
Acho que exageram. 
É como no caso do latim.
Há professores dedicados e alunos interessados.
Mas as elites decisórias conseguem descobrir modo de estragar tudo.
Como na economia, tão sábios que são os especialistas e estamos no estado em que estamos. Com  agravante de parecer que seguem os especialistas da comissão europeia e do BCE, que não sabem como acabar com a deflação...





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