segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Economicómio XXXIII - SAAB – Ascensão e fim da estrada

Como podem ler nos jornais, a GM está muito triste por achar que não foram aceitáveis as ofertas de compra que recebeu dum fabricante chinês e, depois, do holandês Skyper.
O percurso da SAAB é paradigmático. Tem êxito (fez nos anos 40 um tricilindrico de 2 tempos que era uma maravilha) e devido a esse êxito foi comprada pela GM. Agora fecha para ajudar a GM.
Está a tua empresa a ter êxito? Vê onde estás a errar porque senão és comprado e fechado.
Eu sei que a decência, a solidariedade e a humanidade (são 8.000 empregos para a sucata) não fazem parte do dicionário da economia, mas deixo a mensagem à CIMPOR.
Com tantos interessados em adquiri-la, será que não estava correcta a opção da sua nacionalização em 1975? Contrariando aquela de que as empresas nacionalizadas não dão lucro por falta de vocação(esta da vocação foi invenção dos adam smithistas, claro). E uma vez comprada a Cimpor, que tal fechar para evitar a concorrência?
Julgo que posso falar sobre a Cimpor.
A força dela adveio da empresa de cimentos Liz, hoje do grupo Secil, e da cimentos Tejo ao longo da suave industrialização do país ao longo do século XX. Graças à tomada do poder pelo yupi Champallimaud numa assembleia geral nos fins dos anos 40, em que ultrapassou em votos os filhos do fundador da empresa (Henrique Sommer), tudo dentro da legalidade mas efectivamente ganhando o controle accionista, a empresa continuou a crescer e deu origem à Siderurgia Nacional. Como realmente o senhor yupi tinha muitas qualidades, passou para a banca e hoje há uma fundação Champalimaud de acção meritória na investigação médica (esta do meritória até é a sério).
Posso falar disto porque o meu Pai trabalhou na empresa cimentos Liz desde 1928. Era na altura o terceiro centro consumidor de energia eléctrica em Portugal. Por isso, comparando o percurso dele nessa empresa e o percurso do filho noutra , não estranhei. São as leis da gestão.
Mas, como digo, a decência não faz parte do dicionário dos sucessos económicos. Cito de cor, claro. E o ministro da economia da Suécia também não vai querer ouvir-me. Já disse que o estado sueco não tem nem dinheiro nem conhecimentos para comprar uma fábrica de automóveis. Pois não, mas se aplicasse umas multas por incumprimento de obrigações sociais à GM se não vendesse a SAAB aos chineses (se os chineses já fabricam todas as roupas de marca na China e a antiga marca Rover, porque não podem fabricar os SAABs, de que até saiu um novo modelo, ainda há pouco tempo?). Essas coisas podem fazer-se como a transição de Macau, com muita paciência, para não afectar os tais 8.000 empregos. Eles até são de confiança. Já os Américas…depende do domínio, como os teoremas da matemática.
Tenho muita pena da SAAB e receio pela CIMPOR.

Sem comentários:

Enviar um comentário