Os políticos não sabem nada de cidades
Pancho Guedes, arquiteto, de Moçambique
Parafraseando Pancho Guedes, os políticos, especialmente quando detêm o poder, não percebem nada de saúde.
Inútil os profissionais pronunciarem-se, como se pronunciaram sobre o assunto. Os políticos acham sempre que têm razão, e justificam com o critério financeiro e económico.
Esquecendo-se que a parte dos financeiros e economistas é viabilizar a função dos outros profissionais.
Belo argumento - diminui o numero de nascimentos, logo fecha-se a maternidade porque se investiu em obstetrícia noutros hospitais.
Lá está a fobia da taxa de ocupação e o esquecimeto da qualidade de serviço.
Se o numero de nascimentos voltar a subir, o novo investimento para dar resposta será superior aos custos de manutenção da capacidade existente, mas isso não interessa porque será com outro governo.
Nada aprenderam com o fecho das maternidades e hospitais locais e com a falencia dos bombeiros que não recebem o dinheiro do transporte dos doentes (os bombeiros de Monção devem 50.000 euros de gasóleo ao seu fornecedor, que é quanto o ministério da saúde deve aos bombeiros de Monção; este foi um custo que não foi contabilizado quando se fizeram os estudos para o fecho das maternidades e dos hospitais locais; pelos vistos de forma incompleta).
Um virus tomou conta dos orgãos decisórios: o destruir o que existe e depois concentrar em novas estruturas megalómanas (foi assim com os estádios do Sporting e do Benfica com o euro 2004, lembram-se?).
A longa existencia de grandes, pelo prestígio e qualidade, pequenos e médios hospitais de referencia, quer em Portugal quer, por exemplo, em Nova Iorque, não lhes diz nada.
Paciencia, lá se vai a maternidade Alfredo da Costa.
E diz o senhor ministro PauloMacedo que não tem a obssessão de fechar.
Mas talvez tenha a obssessão de concentrar, ou pelo menos a fé cega de acreditar que fechar as entidades locais e centralizar reduz custos.
Porém não há nada de universal na teoria, nem sempre racionalizar é concentrar; os conjuntos de racionalização e de concentração intersetam-se, não coincidem.
A lei de Fermat-Weber é conhecida por quem elaborou o plano de fecho da maternidade?
Foi feita uma análise de custos benefícios que incluisse os prejuízos do fecho da maternidade?
E os prejuízos devidos aos custos de transporte agravadospela concentração?
Não terão sido empolados os ganhos do que possa fazer-se com o edifício?
Os políticos não percebem nada de saúde, não ouvem os profissionais, nem da saúde nem dos transportes, e têm demasiada fé naquilo em que acreditam.
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