quinta-feira, 19 de abril de 2012

Falas de governantes - da energia à especulação

Não é propaganda ao juro das obrigações da EDP.
É um comentário às frases do senhor ministro da economia e transportes.
Diz o senhor ministro: "Não é a economia que deve servir a energia, é a energia que deve servir a economia".
Compreende-se a preocupação do senhor ministro, dada a sua formação de economista.
Mas a energia é uma questão fundamental de sobrevivencia da espécie e o seu custo não parece poder ser definido pelas mesmas regras que definem o custo de bens dispensáveis.
Mas são formações diferentes a olhar para o mesmo problema.
Com a energia produz-se e compensa-se as ameaças da natureza.
Com a economia, pensava eu, definiam-se e aplicavam-se as convenções de natureza administrativa que viabilizassem o objetivo anterior, sem preocupação de nenhuma supremacia de uma formação sobre outra (não obstante não ser de exigir aos economistas saberem como funciona um gerador eólico e que meios existem para armazenar, converter e rentabilizar a sua produção excedentária). Mas não interessa chover no molhado, agora que o senhor ministro da economia e transportes vai para mais uma sabatina com o seu homólogo da energia de Espanha para preparar a reunião de maio com a troica/FMI sobre assuntos estratégicos (energia, ferrovias, rios ibéricos).
Vozes de burro não chegam ao céu (calma, estou a referir-me à minha) , mas eu sugeria uma parceria (não publico-privada, por favor) com Espanha na construção de centrais solares térmicas com armazenamento de calor e vendiamos a Espanha a produção excedentária das centrais térmicas cujos donos estão tristes por não funcionarem à potencia  máxima (ou exportavamos as centrais solares térmicas que produzissemos, porque têm  um rendimento). Ver em:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2011/10/central-fototermica-gemasolar-na.html

E diz o senhor primeiro ministro que o país não deve "desatar" a discutir se o aeroporto complementar da Portela deve ficar ou não no Montijo porque isso sera "especulação" enquanto o grupo de trabalho faz o seu estudo sobre a localização do aeroporto complementar.
Do dicionário: especulação - estudo teórico, reflexão, análise, investigação, pesquisa.
Mas também, com significado pejorativo, como o senhor primeiro ministro utilizou, para que não se pensasse que ele não queria que o povo estudasse, refletisse, analisasse, investigasse, pesquisasse, com o sentido de se ficar pela teoria, sem passar às medidas práticas (do dicionário: teoria - conjunto de leis ou regras bem sistematizadas, resultado de hipóteses e sínteses).
Tratar-se-á de um problema interessante. O senhor primeiro ministro sempre anunciou que a solução para o aeroporto deveria ser a Portela mais um aeroporto complementar. Mas não suportou essa conclusão em nenhum estudo. Está a fazer-seagora. Salvo melhor opinião, o governo baseou a sua opção sobre o aeroporto numa "especulação" em sentido pejorativo.
Embora diga que não há dinheiro, mas vai ter de gastar dinheiro com esse tal de aeroporto complementar para suas altezas as companhias "low cost" (farão os senhores comissários da UE o favor de explicar como é que têm o descaramento de estar a apoiar trasnportes poluidores e pouco eficientes do ponto de vista da "energia", para que depois não venha alguém dizer que a economia está a servir a energia).
E, embora vozes de burro não cheguem aos céus (ver nota acima), faço a sugestão de localizar o aeroporto complementar sobre a atual pista do campo de tiro de Alcochete. Fica a 11 km da A12 e a 18 km da estação de Pinhal Novo.
Poupariam dinheiro se a maior parte dos passageiros e das mercadorias fossem transportadas através de ligações ferroviárias entre a A12 e a nova pista (minimizando a construção no aeroporto complementar) , a qual já poderia ser a pista do novo aeroporto para daqui a mais de 10 anos.
É que assim como estamos, com os aviões a sobrevoarem o Julio de Matos, fico a pensar que é mais importante cumprir as normas europeias para as gaiolas das galinhas do que as normas europeias para as rotas de aproximação de aviões.
E quanto a "especular", é da discussão aberta, do debate participativo que podem sair boas propostas, não exatametne como o prós e contras faz, mas como vem explicado na Sabedoria das Multidões.
Por exemplo, que na base aérea do Montijo a pista mais comprida só tem 2500m e a sua orientação leste-oeste é inconveniente para a povoação. Pode construir-se uma pista mais comprida mas lá está, está-se a gastar mais dinheiro.

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