quinta-feira, 7 de março de 2013

A manifestação de 2 de março de 2013




Ouvido na manifestação:
- Porque viemos à manifestação, se sabemos que não vai mudar nada?
- Porque é uma forma de expressão. Pode ser apenas um desabafo, mas é a forma de nos exprimirmos.
Pode ser que não seja suficiente a força de quem se manifestou para mudar; quando comparada com a força dos senhores da finança de Bruxelas e Frankfurt e com a força de inércia dos senhores das nossas elites dirigentes.
Pode ser que, como escreveu Urbano Tavares Rodrigues, “os mais atingidos não ousem queixar-se”.
Pode ser que seja mesmo assim, que nesta apagada e vil tristeza persista a nossa incapacidade de nos organizarmos em equipas; não é por falta de alternativas a esta política, é por falta de entendimento entre as pessoas.
Pode ser que seja este o caminho, o caminho da desigualdade cada vez maior; que, tal como Paul Tomsen da troika logo ao princípio disse, na sua primeira entrevista, que em Portugal se ganhava mais do que o que se produzia, que tinham de ser reduzidos os rendimentos, que o fator trabalho estava demasiadamente bem remunerado.
É então apenas isso, um roteiro de empobrecimento e de desemprego, apesar de serem quase 30% as crianças que vivem na pobreza, sabendo-se a correlação forte entre as condições de vida das crianças na pobreza e a insuficiência da média de desenvolvimento intelectual.
A manifestação exprime a indignação das pessoas perante  a ignomínia deste roteiro, mas vem o primeiro ministro e diz que a indignação não é uma resposta para  a crise.
Convencido de ter sido eleito para desempenhar uma missão salvadora, todas as críticas que se lhe façam só reforçam essa convicção.
Falharam todos os  mecanismos constitucionais para repor o funcionamento regular das instituições.
O poder legislativo do Parlamento submete-se ao poder executivo através dos mecanismos partidários, sem por em prática mecanismos de representação e de participação dos eleitores.
O poder judicial nem bom exemplo dá, com a estrutura jurídica paralisante que temos e o delírio e fúria legisladora de sucessivos governantes.
O presidente da República hesita.
Não é chamado o povo a consultas referendárias.
Formalmente, o atual governo tem então legitimidade para mais dois anos, quase.
Pessoalmente, não ia tão longe como os manifestantes pediram, a demissão do governo.
Para não se gerar  mais perturbação, bastava demitir o primeiro ministro, o ministro das finanças e o dos assuntos parlamentares, indicando o partido mais votado novo primeiro ministro.
Os outros podiam ficar até às próximas eleições.
Não é uma questão política, é apenas uma questão de gestão, neste caso da coisa pública.
Que diabo, é assim que funcionam as democracias.
bandeira negra da falta de solidariedade

não vale a pena discutir números, mas os riscos de multidões deslocando-se em ruas estreitas e  em acessos de metropolitano sem planos de absorção e de evacuação de emergencia não são toleráveis

será um exemplo da não contenção de algumas despesas públicas? robô aéreo telecomandado para filmagem de manifestações; este sobrevoou a manifestação por diversas vezes, no Terreiro do Paço

 


Sem comentários:

Enviar um comentário