O ministro das finanças da Ivalandia afirmou em meados de
Março que o défice de 2012 seria de 4,9% do PIB.
Nos finais de março de 2013, de acordo com o Eurostat, o
défice é de 6,4% do PIB.
Trata-se de um erro superior a 30%.
O senhor ministro tinha sido avisado por economistas nos jornais que não devia contar com a
privatização da ANA para o défice e já antes tinha sido avisado de que a
transferência dos fundos de pensões ia aumentar a despesa.
Mas achou, no conforto do seu gabinete, que estava acima
dessas miudezas.
Também nos idos de Março o senhor ministro apresentou à
troika as contas do endividamento público.
A dívida seria 123% do PIB. Não
era, foi corrigida para 123,6% , atingindo 204,5 mil milhões de euros, em
grande parte da responsabilidade da gestão do atual governo.
Na dívida pública incluem-se 4 mil milhões de euros de ajuda
à banca (setor privilegiado) que desde
há 3 anos, desde o anterior governo, o estado nela vem injetando, sendo que
essa injeção vai continuar. Aliás, a senhora secretária do Tesouro confirmou
que se enganaram nas contas das imparidades do BPN e empresas SLN.
Continuamos sem conhecer os resultados de uma auditoria à
dívida pública e à dívida privada, para hierarquização dos credores e controle
da evolução.
Falta ainda incluir na dívida pública as dívidas de empresas
públicas e hospitais de parceria (aos anos que os relatórios e contas das
empresas públicas de transportes chamam a atenção dos governos para a
necessidade do Estado assumir as dívidas dos investimentos em infraestruturas
de longa duração dessas empresas).
Perante o exposto, se considerarmos os contribuintes como
acionistas do Estado, será fácil adivinhar o que os acionistas pensariam do CFO
e equipa da empresa Estado.
Em assembleia de acionistas diriam que estavam fartos dos
seus erros e que desejariam substituir o CEO, o CFO e o chairman.
Julgo eu.
Imagino o senhor CFO a defender-se, que o défice estrutural
primário em 2012 foi de 0% (saldo sem juros e sem considerar os efeitos recessivos
externos). E a dizer que tudo estaria bem se não fossem os juros, a recessão,
as medidas extraordinárias e as dívidas herdadas (variante economista da
anedota da avó torta que seria viva se não tivesse morrido).
Mas como é ficção, e como a democracia que vivemos não tem
meios de defesa contra este tipo de gestão, ou melhor, como os meios previstos
são ineficazes se os órgãos que os podem acionar não o quiserem fazer, muitos
seremos vítimas da estratégia da aranha, anestesiados pelo veneno e enrolados
nos fios da teia.
Mas outros sobreviverão à estratégia de aniquilamento.
Sempre foi assim, a humanidade ter resistido aos abusos das
classes dirigentes.
No futuro, a democracia terá meios mais eficazes de lhes
resistir, estará mais próxima duma democracia direta, com possibilidade de
intervenção de grupos de cidadãos sem líderes iluminados, com recurso a
referendos e através das estruturas
autárquicas de base (será também por isso que o governo atual quer reduzir o
número de freguesias para além do razoável?).
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