Ouvido na Antena2, no dia internacional da Poesia:
Prefiro Rosas, meu Amor, à
Pátria
Prefiro rosas, meu amor, à
pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Ainda
existe serviço público na rádio, agora que os nibelungos que nos governam e à
cultura entendem sinergias como maneiras de gastar menos e de baixar a
qualidade.
No
programa da Antena 2 falou-se da casa de Fernando Pessoa e da introdução de
tecnologias visuais eletrónicas, um totem, até jogos (Fernando Pessoa a tentar
agarrar Ofélia, ou só a fingir que queria agarrá-la, sabendo-se que Ofélia nem
se importaria).
E
afirmou-se uma coisa interessantíssima: que Fernando Pessoa, educado em criança
na língua inglesa, pensava em inglês e escrevia em português.
Por
isso foi inovador.
De
facto, a língua portuguesa não é a ideal para a expressão clara de ideias e
conceitos e terá provocado desvios de insuficiência de pensamento aos
portugueses ao longo dos séculos.
É
uma hipótese com muitos exemplos históricos a confirmá-la… com a atualidade a
confirmá-la, desde a preferencia por discutir os comentadores em detrimento do estudo e
análise das questões por eles comentadas para se pensar pela própria cabeça, de preferir as
discussões bizantinas ao trabalho de equipa.
É
isso, Fernando Pessoa como saída da crise.
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