Vale a franqueza com que o Pingo Doce manda escrever nos pacotinhos de aperitivos a sua origem.
Caju com piri piri da India, amendoim torrado da China, milho frito de Espanha, sultanas douradas da Africa do Sul, passas de uva da Africa do Sul.
Eu penso que a tentação da globalização é muito grande, porque parece haver vantagem económica.
Mas globalização é também importar com a vantagem económica a atrofia da economia local.
E assim continuamos a importar dois terços dos alimentos e dois terços da energia primária que consumimos.
Impossivel sobreviver com autonomia se não produzimos o valor do que comemos e do que queimamos.
Impossivel sobreviver com os apelos das agencias de viagens a poupar 4 euros por dia durante 8 meses para viajar ao Caribe.
Impossivel sobreviver com as páginas de publicidade dos jornais cheias de anuncios de automóveis alemães de 48.000 euros.
Impossível sobreviver quando os fazedores de opinião rasgam as vestes por se taxarem depósitos superiores a 100.000 euros e assobiaram para o lado quando os contribuintes trabalhadores por conta de outrem tiveram de pagar o resgate dos bancos que não eram deles, contribuintes, na Irlanda, na Grécia, em Espanha, em Portugal.
Só agora terão entendido os decisores da união europeia que tinham razão, os cidadãos e cidadãs islandeses, quando logo ao princípio disseram que não tinham nada que pagar as dívidas dos bancos especuladores?
PS em 3 de abril de 2013 - Amável e discreto comentador criticou a minha crítica à teoria da vantagem comparativa de David Ricardo. Não era a intenção, será pouco rentável a produção de caju em Portugal. Tal como o economista defendeu, devemos investir na produção de vinho em que Portugal tem tradição e qualidade, e quem diz vinho diz passas de uva e milho.
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