A regulação é uma palavra mágica para quem acredita na
ideologia dominante, de que o mercado funciona em concorrência.
A publicação da lei da regulação foi assim um dia feliz para esses cidadãos.
A publicação da lei da regulação foi assim um dia feliz para esses cidadãos.
Na verdade, todos concordam que é bom quando o mercado
funciona em concorrencia.
Mas infelizmente a experiencia e a teoria demonstram que, se
houver assimetria de informação (por exemplo, manipulação de preços de ações ou de leilões de bens ou serviços, ocultação de opprtunidades de negócio ou industrialização) , escassez ou condições privilegiadas de acesso ao bem (por exemplo,
acesso a preços especiais de ações) ou se
se tratar de uma externalidade de que muitos sofrem as consequências sem para
ela terem contribuído (por exemplo,
custos de importação de combustíveis) , lá se vai a lisura da concorrência e a
eficácia do funcionamento do mercado.
Foi por isso que se criou o mito da regulação.
Que a entidade reguladora vigiará e supervisionará.
A experiencia e a teoria também já demonstraram que, para
uma supervisão ser eficaz, quem a pratica deve ter experiencia do negócio que
supervisiona.
Então, para isso, ou existe promiscuidade entre o regulador e os regulados (daí falar-se no período de nojo de dois anos ente o exercício de cargos nos dois lados) ou simplesmente a regulação pode ser residual e se aceita o que o catecismo da ideologia do mercado não autoriza: que possam existir empresas públicas, que possa exercer-se o serviço público, com a cultura antiga do servidor público.
Um bom exemplo desta ultima condição são as empresas de transporte público e as produtoras e transportadoras de energia francesas.
Então, para isso, ou existe promiscuidade entre o regulador e os regulados (daí falar-se no período de nojo de dois anos ente o exercício de cargos nos dois lados) ou simplesmente a regulação pode ser residual e se aceita o que o catecismo da ideologia do mercado não autoriza: que possam existir empresas públicas, que possa exercer-se o serviço público, com a cultura antiga do servidor público.
Um bom exemplo desta ultima condição são as empresas de transporte público e as produtoras e transportadoras de energia francesas.
Nós por cá, possivelmente porque a regulação responde ao
desejo de ver tudo bem regulamentado (a experiencia e a teoria ensinam que é
impossível prever todas as situações) , o que é uma variante do complexo do
escrúpulo, vamos assistindo às investigações sobre a cartelização dos spreads
dos bancos, da concertação sobre os preços dos combustíveis, das tarifas de
energia e de telecomunicações.
É verdade que seria difícil aos eventuais prevaricadores
(quem é mais prevaricador, quem pratica o ilícito, ou quem promove um regime em
que é possível praticar o ilícito? Quem é o criminoso, quem puxa o gatilho ou
quem promoveu o negócio de venda de armas?) evitar condenações se o sigilo
bancário fosse revogado. Além de que ninguém assina uma ata da reunião em que
se tenha acordado um cambão.
E com tanta regulação, é sempre possível desenvolver novas técnicas de fuga à supervisão; o perigo aguça o engenho.
E com tanta regulação, é sempre possível desenvolver novas técnicas de fuga à supervisão; o perigo aguça o engenho.
Não acreditam?
Sério?
Acreditam que é possível seguir este caminho, de mercado
livre e regulação, para evitar a distorção da concorrencia?
Como dizem os americanos, em que conto de fadas estão a acreditar?
Nota – evidentemente
que também é possível dizer que acreditar no sucesso da solução de empresas
públicas a operar livremente no mercado é acreditar em contos de fadas (porque cargas de água o Estado, como
proprietário dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, não pode injetar 180
milhões de euros? Não pode aumentar-se o capital de uma empresa que é paga
pelos contribuintes? Prejudicaram-se empresas privadas? E a contabilização dos
prejuizos para o Estado português em consequência da paralisação dos
estaleiros, da falta de patrulheiros e de um navio polvalente, por exemplo, conta menos do que isso? Penso que o direito
comunitário não perderia nada em rever estas proibições, em deixar-se de
fanatismos e dogmatismos).
Pode ser , mas existem de facto bons exemplos, há espaço para empresas públicas e privadas e o mal não está em as empresas
serem públicas, o mal pode estar na incorreta nomeação dos seus dirigentes; no
caso português, sistematicamente por critérios políticos, independentemente do
conhecimento dos negócios e da capacidade técnica para os gerir. A mexer-se
seria aí, não na extinção dogmática das empresas públicas.
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