domingo, 9 de fevereiro de 2014

O gabinete exiguo no ministério da Economia

Dou notícia do andamento dos protestos pelos cortes dos complementos de reforma.
Pacificamente continuamos a protestar.
Contratos são para cumprir e o governo não está a cumprir.
O argumento da falta de dinheiro dilui-se quando somos informados de que vão ser pagos os subsidios de natal e de férias de 2012 aos reformados do Banco de Portugal.
Falha bem visível do conceito de equidade que só este governo tem.
Poderiamos sentar-nos a uma mesa e acertar um valor de desconto para aplicar a todas as reformas.
Assim não. Não cortar nada a uns e cortar em média 40% da reforma bruta que anteriormente se recebia (pensão da segurança social mais complemento de reforma) a outros não é evidentemente equitativo.
Estamos reunidos na praça Luis de Camões e as jovens reporteres das televisões vão fazendo as suas habituais entrevistas, tentando sempre saber quanto maior é o valor do complemento que é cortado em relação à pensão média que os reformados em Portugal recebem.
O governo agradece que os noticiários digam que um reformado do metro recebia uma reforma bruta de 2000 euros e ficou sem o complemento de reforma que eram 1000 euros, que é muito mais do que a maioria das reformas que não chegam a 600 euros.
A menina da entrevista ri-se, não sente a questão. É jovem e acha que a juventude é eterna e que as leis do mercado a hão de premiar que é jovem e saudável. Os fracos e os idosos baquearão.
Não quer discutir a questão do leque salarial. Talvez compreendesse porque a pensão média é tão baixa.
Nem quer saber que grandes interesses instalados não querem legislação para taxar as transações mobiliárias na Bolsa, nem taxar o jogo on line e as transações pela internet.
Essas taxas permitiriam aliviar os cortes aos reformados.
Esclarecer a questão do leque salarial ajudaria a apontar pistas contra o desequilíbrio dos rendimentos e dos impostos do trabalho e do capital. Os números podem ser torturados até confessarem tudo, como diz Pedro Nogueira Ramos no seu livro, mas dizem as estatísticas que o salário médio no concelho de Alcochete é de 1.700 euros, e não há lá metropolitano, e que o peso do trabalho no PIB é menos de 50% mas os rendimentos do trabalho são 75% da receita fiscal.
Destaca-se da reunião o pequeno grupo de 5 elementos, a comissão dos reformados. Vão entregar na Secretaria de Estado uma pequena nota dando conta da evidente inconstitucionalidade do não cumprimento de um contrato. A nota não contem nenhuma ameaça de penhora dos bens da entidade que contratou e não pagou. Várias propriedades imobiliárias em Lisboa. O ativo dos terrenos de Sete Rios, onde funciona uma central de camionagem que não paga renda  (pertencerá ao movimento "okupas"?), um prédio na Rua Ivens, em ruinas. Apartamentos no Cacem e em Massamá, para desalojados das expropriações do crescimento do metro.
São 4 horas da tarde de uma sexta feira de fevereiro. 3 policias de intervenção acompanham os 5.
O segurança informa que apenas está disponível para  receber a delegação o adjunto da senhora adjunta da secretária do assessor adjunto do chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto do ministro adjunto, uma vez que se encontra em reunião no exterior na reunião de atribuição das quotas dos fundos comunitários o secretário de Estado adjunto dos transportes, o assessor do secretário de Estado dos Transportes, o adjunto do secretário adjunto dos transportes e o próprio secretário de Estado dos Transportes, além de que o senhor ministro da Economia, os seus assessores e adjuntos nada sabem de transportes.
Mas há uma pequena questão.
O gabinete do senhor  adjunto da senhora adjunta da secretária do assessor adjunto do chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto do ministro adjunto é extremamente exíguo. O edificio já é antigo e não comporta espaço para tantos servidores do Estado.
Apenas poderão ser recebidos 3 delegados, não 5.
Proponho que os dois colegas mais resistentes entrem com outros dois às cavalitas.
Mas o coletivo dos 5 rapidamente analisa a situação e conclui que é apenas uma manifestação de prepotencia do senhor adjunto da senhora adjunta da secretária do assessor adjunto do chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto do ministro adjunto e do governo que ele representa.
E decidem voltar à praça Luis de Camões.
Até à próxima manifestação.









2 comentários:

  1. Consegui ler o texto de um escritor protestante que terá escrito um texto sobre uma manif. protestante que não terá tido protesto por não ter a quem protestar.! julgo que isto só lá vai se houver uns jovens que protestem em alta voz..!! não à pedrada..!!!

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  2. Dou-te 20 valores..!! Mereces..!!

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