A noticia do dia 2 de maio diz que Portugal entrou no mercado grossista europeu de eletricidade, e que por isso já pode vender eletricidade à Finlandia.
Na verdade, como já o professor Domingos Moura explicava aos seus alunos, em 1970, não é preciso transmitir a energia elétrica produzida em Portugal diretamente para a Europa. Através da interligação com Espanha, a rede desta distribui a eletricidade junto da fronteira com Portugal e transmite eletricidade produzida em Espnha, junto da fronteira francesa, para a França. é uma questão de gestão das redes.
Claro que é necessário haver capacidade nas interligações, mas já nesses tempos longínquos, quando estive um mês na barragem do Picote, era o que se fazia todos os dias, trocas de energia eletrica com Espanha, que ali ao lado tinha e tem a barragem de Saucelle.
Por isso felicito quem finalmente "integrou" Portugal no mercado grossista (eu preferiria dizer "integrou na rede europeia", mas os economistas que detêm o poder não gostam desse detalhe técnico, uma gestão integrada independente dos interesses das distribuidoras privadas, que põe o interesse geral conunitário acima destes interesses).
Mas interrogo-me como é possível que durante tantos anos tenha prevalecido a ignorancia dos decisores, a sua incompetencia e desconhecimento de como funciona a energia, a sua submissão a técnicos que não cumprem o equivalente ao juramento de Hipócrates que na engenharia será o de colocar o interesse dos cidadãos como consumidores de energia elétrica acima do interesse dos donos das centrais de gás que empolam os custos de disponibilidade e desmerecem sistematicamente no investimento em energias renováveis.
Enfim, parece ter sido um facto positivo para Portugal e Espanha, se isso permitir escoar a produção em excesso das renováveis.
Penso contudo que não dispensa a construção de uma linha especificamente para transmissão direta, em muito alta tensão continua, entre Portugal e França.Etiquetas
Mas não sei se o assunto está a ser bem estudado.
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