sexta-feira, 2 de maio de 2014

Viva o 1º de maio

Viva o 1º de maio


O dirigente sindical, numa pequena cidade do litoral, foi privado da participação no desfile na capital do distrito e encarregado de conduzir o espetáculo comemorativo.
Lista os casos pendentes com as empresas do concelho.
Recorda que o numero de sindicalizados está a subir.
Os teóricos das políticas ultra-liberais esqueceram-se desse pormenor quase biológico. Se provocamos o aumento do desemprego aumentamos o numero dos que não tem nada a perder.
Qualquer ação provoca uma reação de sinal contrário.
O dirigente sindical insiste que os dependentes do trabalho por conta de outrem estão a lutar pelos seus interesses.
Falta-lhe apenas um pouco para atualizar o discurso, para apelar à convergencia e à solução conjunta das coisas, um plano de pensões e um fundo de pensões são coisas de interesse comum, da parte do capital e da parte do trabalho.
Que a discussão não é apenas do repartir do rendimento, que também é importante, equilibrar a distribuição do rendimento entre o capital e o trabalho, de modo a  conter o monstro da desigualdade, mas também tem de se discutir como é isso dos rendimentos do capital serem superiores aos rendimentos do próprio crescimento económico (confesso que vi esta numa referencia de Manuela Maria Carrilho ao livro de Thomas Piketty, O capital no século XXI; tenho de pesquisar isto, que parece ser uma forma de dizer que os rendimentos do capital são atualmente principalmente especulativos, criados virtualmente e sem registo nos PIB, sabe-se lá em que off-shores, sem correspondencia com a produção de mais valias uteis às comunidades, ampliando sucessivamente as desigualdades e provando que, por mais regulação que os ideólogos preguem, "os mercados" estão a agravar o problema em vez de o resolverem).
Por isso aplaudo o espetáculo do 1º de maio numa pequena cidade de provincia, e discordo de limitarmos a discussão apenas aos nossos interesses, e discordo de limitarmos a nossa esperança à ilusão de um pensamento, ou um sentimento, únicos, como vi escrito nas costas do banco de jardim, em vez de juntarmos as nossas diversidades numa solução comum e de parceiros.





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