domingo, 11 de maio de 2014

Sinfonietta de Leos Janacek




Com surpresa, assisto na RTP2 à transmissão quase em direto (uns minutos em diferido) do concerto de encerramento dos dias da música no CCB.
Surpresa porque a estação pública tem transmitido poucos concertos.
Mas surpresa maior porque a sinfonietta de Leos Janacek, pela orquestra metropolitana sob a direção de Pedro Amaral, é transmitida numa reportagem primorosa, em que as câmaras seguem pela partitura os diferentes instrumentistas.
A sinfonietta começa com uma fanfarra extremamente jovem (o compositor tinha 72 anos quando a escreveu) que não deixa ninguem indiferente.
E prossegue com intervenções destacadas, da flauta, do oboé, até da harpa, que não costuma ouvir-se nestas transmissões.
Talvez o maestro tenha preparado a transmissão, talvez a RTP2 disponha de um programa que facilite a seleção das câmaras. Mas o facto é que uma fração de tempo antes da entrada já a câmara mostrava o instrumentista.
Uma maravilha. Não era costume. Pode vender-se a transmissão a estações estrangeiras e ao canal mezzo. Mais uma atividade transacionável para compensar o fraquejamento das exportações dos combustíveis refinados (ai o refinamento dos mercados...).
Fico a pensar que a recente reestruturação da RTP2 pode ter que ver com a qualidade da realização. Que esta não ficasse apenas para os artistas da bola.
Teria de ficar agradecido ao senhor ministro adjunto. Que até já pronuncia melhor as palavras.
Ou terá sido apenas coincidencia?
Infelizmente para mim, que sou descrente por natureza desde que a minha professora de filosofia do liceu, esposa de um ministro de Salazar mas de uma sólida cultura científica histórico-filosófica, me ensinou o cartesianismo, inclino-me para que tenha sido coincidencia,  a reestruturação e a qualidade da transmissão, com mérito para os profissionais envolvidos, da TV e da orquestra, claro, não para o governo.

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