Espera-se agora que consiga formar governo com a maior parte das forças politicas.
Não se deseja uma maioria absoluta que imediatamente provoca a rejeição das outras forças, deseja-se a compreensão e a cooperação entre as diferentes sensibilidades, coisa aplicável em qualquer latitude ou longitude.
Transcrevo a propósito partes de uma entrevista de Adonis, poeta sirio árabe, numa altura em que na Europa ainda existe um partido religioso a dirigir a principal economia (partido democrata-cristão da Alemanha), o chefe do Estado inglês é o chefe da igreja anglicana e nenhum comentador recorda as palavras do primeiro chefe de Estado paquistanês, que primeiro se é cidadão e só depois muçulmano:
"Desgraçadamente os politicos não escutam os poetas"
"A primavera árabe não foi uma revolução porque não tinha um discurso. As oposições jamais falaram de laicidade, da libertação da mulher, da mudança da lei corânica.
Que revolução era essa? Só queriam mudar o regime, e mudar de regime de nada serve quando permanece a mesma mentalidade.
Os árabes têm de fazer a sua revolução interior, quer dizer, repensar a religião à luz da modernidade e separar o religioso do cultural, do politico e do social para que se converta apenas numa crença individual.
Na Europa fez-se essa revolução e separou-se o Estado da Igreja, que na Idade Média era pior do que entre muçulmanos de hoje.
Nada tenho contra a religião como fé individual, mas estou contra uma religião institucionalizada e imposta a toda uma sociedade.
Há que anular as diferenças entre as confissões. O correto é, por exemplo, que no Egito os cristãos coptas tenham os mesmos direitos dos muçulmanos."
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