No fim deste comentário, transcrevo uma notícia recente
sobre a intenção do governo angolano de expandir a rede ferroviária nacional.
Compreende-se, considerando o peso na economia do transporte
de mercadorias, a mobilidade das pessoas e a maior eficiência energética do
transporte ferroviário relativamente aos outros modos.
Penso que a expansão da rede ferroviária angolana poderá ter
a cooperação portuguesa, não apenas das empresas de construção civil, mas também
ao nível da engenharia de planeamento, projeto e fiscalização, beneficiando do “saber
como” ainda existente em empresas públicas como
REFER, CP, Ferbritas, Ferconsult e Metro de Lisboa.
Esta atividade, sendo de venda de serviços e sujeita à
concorrência internacional, pode assim classificar-se como transacionável,
aumentando as exportações e portanto o PIB.
Junto ainda uma ligação para alguns textos deste blogue
sobre as hipóteses de colaboração no desenvolvimento do metro de Luanda.
Admitindo 4 milhões de pessoas na área metropolitana,
teremos cerca de 7 milhões de deslocações diárias. Se 15% forme asseguradas
pelo novo metro, será cerca de um milhão de viagens por dia ou 50.000
passageiros por hora de ponta. Considerando duas linhas e um fator de
sobrecarga de 30% para concentração da afluência de passageiros, teríamos o
dimensionamento da cada linha para uma capacidade horária por sentido de 32.000
passageiros, exigindo 30 comboios por hora, sentido e linha, de 8 carruagens de
130 passageiros.
Como já afirmado neste blogue, vozes de burro não chegam ao
céu, pelo que naturalmente as sugestões que deixo não chegarão nem ao governo
nem às altas direções das empresas referidas.
Mas fica o registo.
Em causa está um programa de
longo prazo para expansão da rede, anunciado pelo diretor geral do Instituto
Nacional dos Caminhos de Ferro de Angola (INCFA), Júlio Bango Joaquim, que se
segue à reabilitação das três linhas existentes - Luanda, Benguela e Moçâmedes
-, concretizada nos últimos anos.
"Desta forma, teremos o
país totalmente atravessado por rede ferroviária, o que vai permitir que todas
a capitais de província sejam abrangidas", disse o responsável.
Citado hoje pela rádio pública
angolana, sublinhou tratar-se de um projeto com uma estimativa de investimento
"à volta" de 50 mil milhões de dólares (cerca de 40 mil milhões de
euros), a desenvolver "no longo prazo".
Júlio Bango Joaquim referiu
que contempla ainda as ligações às redes ferroviárias da República Democrática
do Congo, Zâmbia e Namíbia.
O objetivo, além de alargar o
transporte de passageiros até ao interior do país, interligando as linhas que
hoje partem das cidades de Luanda, Lobito e Namibe - reabilitadas e prolongadas
após o fim da guerra civil, em 2012 -, passa por articular, no transporte de
mercadorias, as redes ferroviárias e rodoviárias, os portos e as plataformas
logísticas junto às fronteiras com os países vizinhos.
No âmbito desta estratégia,
segundo o diretor do INCFA, está já concluído o estudo de viabilidade para
alargar a rede ferroviária no norte, envolvendo as províncias do Uíge, Zaire e
Cabinda.
PVJ // DM
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=luanda
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