Dá que pensar.
Este blogue já tinha protestado contra a publicidade enganosa dos fabricantes de automóveis. Dizem que os seus carros consomem pouco combustível e emitem pouco CO2. No caso dos automóveis elétricos anunciam autonomias que as baterias nunca poderão satisfazer em condições reais. Desculpam-se que cumprem as normas aprovadas, as quais se contentam com ensaios laboratoriais que não reproduzem as condições reais.
Mas aconteceu um facto surpreendente. Apesar dos USA serem a pátria do liberalismo económico, o seu governo, que não tem um estado mínimo como desejaria a escola de Chicago e o consenso de Washington, vai aplicar uma multa de cerca de 15 mil milhões de euros (35000 euros por automóvel) porque os carrinhos possuem um software que limita as emissões de CO2 (correção: de óxidosde azoto, não CO2) durante os ensaios, emitindo cerca de 40 vezes mais em funcionamento normal.
Este blogue lamenta que seja preciso vir este exemplo dos USA. Que por acaso foram os primeiros a aplicar multas à Siemens, nos fins dos anos 90, por dar luvas a decisores em concursos internacionais.
A Europa podia aprender alguma coisa.
E em Portugal tambem, quando se diz que as empresas investidoras podem fugir se se lhes aplicar impostos elevados ou multas, para onde fugirão elas, para os USA?
PS em 26 de setembro - curiosa a reação da comunicação social. Parece que só agora descobriram a publicidade enganosa. Instalar um software que deteta que o carro está em teste é o que se chama em coloquial uma prova de esperteza saloia tão grave como as que a comunicação social alemã imputava aos gregos a propósito das falsificações das contas, dos benefícios sociais e das luvas. Porém, na origem da coisa está a definição favorável aos fabricantes das normas de ensaio, fora das condições reais. Se os ensaios fossem reais não haveria software falsificador. Consta que a EPA americana vai juntar ensaios de estrada na avaliação das emissões e dos consumos. Consta igualmente que a União Europeia desistiu de tornar mais rigorosos os ensaios por pressão dos fabricantes. Os consumos anunciados atualmente são inferiores aos que resultam da aplicação da fórmula empírica de consumo de energia C=c0+c1V+c2V2 . Isto é, são fisicamente inexequíveis. Ao que leva a prioridade ao lucro...enganar os cidadãos. É uma espécie de política da privatização do atual governo, justificada com a mentira de que os custos são menores do que realmente são.
PS em 3 de outubro - correção: os gases emitidos em excesso são os óxidos de azoto, não o CO2 . O limite de emissões é de 0,025g/km e o valor emitido em condições reais varia entre 0,25 e 1 g/km porque não dispõe de filtro catalítico com ureia renovável como as outras marcas. O que aconteceu não invalida a crítica às condições virtuais dos ensaios laboratoriais. Ver
http://www3.epa.gov/otaq/cert/documents/vw-nov-caa-09-18-15.pdf
e
https://www.quora.com/How-exactly-does-the-Volkswagen-emission-fraud-work
http://www.wired.com/2015/09/vw-fool-epa-couldnt-trick-chemistry/
http://www.livescience.com/52284-volkswagen-scandal-clean-diesel-challenges.html
http://www.autonews.com/article/20150925/OEM11/150929855/how-vws-diesel-emissions-system-works
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