sábado, 19 de setembro de 2015

Campanha eleitoral, Psicologia social III - falas de governantes


A atual senhora ministra das finanças é cabeça de lista por Setúbal nas eleições legislativas de outubro de 2015.
Em debate com as outras candidatas e candidato, não me surpreende o distanciamento com que ouve a crítica de outra candidata relatando a recusa do atual governo em promover a linha ferroviária (tem de ser nova devido aos declives da existente) para servir o porto de Sines e também o desenvolvimento deste. A senhora ministra não tem conhecimentos de gestão industrial e não tem sensibilidade para avaliar a necessidade de incluir os dados dessa disciplina nos seus quadros de Excel.
Mas o que reteve a minha atenção foi a resposta que ela deu ao outro candidato quando se discutia um problema relativamente complexo da área bancária: "Para mim é fácil explicar, o senhor é que poderá ter dificuldade em perceber".
Temos assim, dum lado, quem teve acesso à sabedoria e que tem capacidade para entender as coisas. E do outro os ignorantes e de capacidade de entendimento limitada.
Pode ter sido um lapso, uma sobreposição do subconsciente, mas que revela, por uma falta de controle temporária, o verdadeiro pensamento da senhora, quem se opõe é inferior.
Consulto então o já citado "Livro da Psicologia" para me esclarecer como pode isto acontecer. E ele explica, a propósito dos trabalhos de Anna Freud, filha de Sigmund,  sobre a divisão do aparelho psíquico em 3 partes: o ego, o superego e o id.
O id procura a satisfação das necessidades básicas; o superego é virtuoso (no caso da senhora ministra resultará da sua formação superior na escola de Chicago); o ego toma as decisões.
Porém, o contexto adverso (candidatos da oposição  contrariando o superego com os podres e os falhanços da governação) pode criar ansiedade e então o ego tem necessidade de desenvolver mecanismos de defesa. Não tendo a senhora ministra vocação para os mecanismos habituais que recorrem ao humor ou à sublimação, resta-lhe a negação (por mais evidente que seja um facto, ela continuará a dizer que não; por exemplo, o aumento do défice devido à injeção de 3900 milhões de euros no fundo de resolução do banco bom é apenas um efeito "meramente estatístico") ou o distanciamento (a recusa de considerar dados).
Salvo melhor opinião, a Constituição da República devia prever mecanisnos de controle psicológico dos orgãos do seu Estado. Para melhorar a sua eficiencia, claro.


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