De facto, analisar uma questão técnica que tem consequencias no dia a dia e no bolso dos cidadãos cansa, como por exemplo as necessidades de energia primária, ou de infraestruturas de comunicação ferroviária, e é dificil de concentrar e manter a atenção no seu estudo.
Desligados das razões que provocam realmente as coisas, os eleitores podem até votar em quem os prejudique, ou simplesmente absterem-se.
Ficou na história uma petição de escravos libertos, que pediam o regresso à escravatura por ser dificil viver em liberdade.
Então, tudo isto é um problema do cérebro humano quando se vive em grupo.
O cérebro humano acomoda-se às situações por mais incómodas que sejam e receia a mudança.
Não sou eu que o afirmo, encontro esta explicação no "livro da psicologia", de uma equipa de psicólogos, ed.Marcador (Dorling Kindersley, www.dk.com), no capítulo Psicologia Social.
Esta seria uma razão para os governos saídos de eleições não exibirem tanto orgulho na sua vitória. E por outro lado, seria uma boa razão para os partidos abdicarem do monopólio da intervenção política e consentirem numa maior participação na vida pública dos cidadãos e cidadãs, das entidades da sociedade civil, das associações profissionais, das empresas quando deixam que os seus conhecimentos técnicos se sobreponham ao interesse do lucro e da ligação ao poder político... porque as simples campanhas eleitorais não parecem ser suficientes para vencer a acomodação e a resignação.
Sem querer dar razão em todos os assuntos ao autor da citação seguinte, nomeadamente à caraterização da "corrente materialista" (eu diria a submissão ao lucro e ao mercado), parece aplicável a proposta de Alexander Soljenitsine para reduzir a parte emocional nas decisões da vida política:
"Só através de um movimento voluntário de moderação das nossas paixões, serena e aceite por nós, a humanidade pode alçar-se acima da corrente materialista que aprisiona o mundo. Ainda que nos fosse poupado sermos destruídos pela guerra, a nossa vida tem de mudar se não quiser perecer por sua própria culpa"
Alexander Soljenitsine
Ultimato para uma mudança profunda
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