quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A escolha dos currículos pelos alunos e uma hipótese relacionada com acidentes

 Uma das correntes pedagógicas cujos mentores possivelmente se considerarão inovadores e em disrupção com o passado (dos dicionários, rompimento, fratura, descontinuação, interrupção de um processo, destruição de um isolante deixando passar a corrente elétrica - sentido positivo se o processo que é interrompido é mau, sentido negativo se o processo interrompido é bom) defende a escolha pelos alunos, em idade muito jovem, do seu currículo de aprendizagem ( https://www.publico.pt/2021/12/22/sociedade/noticia/escolha-curriculo-alunos-so-sera-novidade-ensino-publico-1989517   )  .

A crítica a este procedimento pode ser violenta, como a do prof.Santana Castilho (  https://www.publico.pt/2021/12/22/opiniao/opiniao/fim-diaconos-distopia-pedagogica-1989496  ).

Não sendo especialista, uma vez que apenas dei 7 meses de aulas , de desenho esquemático a tecnologia de eletricidade e elementos de eletrónica, numa escola profissional, comento sob a forma de colocação de uma hipótese, que gostaria de ver debatida por especialistas das várias disciplinas, transversalmente de modo a incluir especialistas exteriores ao ensino, cotejando com a experiencia de outros países.

É conhecida a rejeição da matemática por muitas crianças. Há testemunhos que dizem, como agravante, que os próprios pais desvalorizam o facto porque eles próprios, no seu tempo, rejeitaram a matemática. Como explicar assim ao condutor de automóvel quantos  metros o carro se deslocou depois de ver o obstáculo e antes de poder reagir, porque o tempo de reação humano e do material nunca é zero? 

Existe uma analogia da matemática com a ginástica, exige fazer muitos exercícios. Infelizmente, não é no 10º ano (15 anos) que se pode introduzir uma matemática salvífica que compense a sua ausencia nos anos anteriores. Nem é aos 15 anos que se pode introduzir uma ginástica salvífica que anule os efeitos perniciosos da sua ausencia anterior (faço apenas uma comparação, julgo que ainda ninguém pensou acabar com a ginástica nos primeiros anos, pois não?).

Neste contexto, a minha hipótese é que seria preferível (à escolha pelos alunos de currículos variáveis com base em critério generoso de autonomia de escolas)  um currículo base fixo com as disciplinas que as ciências, as técnicas e as humanidades foram desenvolvendo e sistematizando até aos fins do séc XX (critério subjetivo mas que  se pretende ajudar a definir uma formação base clássica).

Fundamentação: a ilusão de que por software pode resolver-se tudo, e portanto poderá ignorar-se a formação base clássica na aprendizagem dos futuros programadores, terá sido já responsável por acidentes aéreos por falta de subrotinas de reposição ou refrescamento de bases de dados, de compensação de reações a dados incoerentes, de falha de sensores (acidentes com um Tupolev num festival de Paris e na descolagem de um Airbus de Barcelona com dados errados na base de dados da altitude, falha do sensor tubo de Pitot e comportamento instável dos automatismos no acidente da Air France no voo do Brasil, automatismos com falhas na queda dos Boeing 737-Max 8), por acidentes ferroviários (falha de reposição após descarga atmosférica numa linha de alta velocidade na China) e automóveis (ausencia de proteção contra incendios de baterias de lítio, impossibilidade de abertura de portas após avaria da centralina, falha da condução automática/autónoma, falha de sensores e subsequente falha do controle de estabilidade). (ver   https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/03/os-acidentes-do-boeing-737-max-8.html  )

Como conclusão, esta hipótese, a confirmar-se, implica receio que os programadores de software, por ausencia de formação básica em física, matemática e procedimentos industriais e concentração exclusiva na informática, tendam a cometer omissões propiciadoras de acidentes.

Mas como disse, gostaria de ver estas questões analisadas em perspetivas diferentes, uma vez que não sou naturalmente detentor de verdades exclusivas.





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