segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

A redundância não é apenas uma palavra

 Um interessante artigo no Público do prof Ricardo Cabral focou os vários problemas económicos da 
atualidade:
https://www.publico.pt/2021/12/06/opiniao/opiniao/problemas-transitam-2022-1987537

Um dos problemas tratados é o dos estrangulamentos das cadeias de produção e consequente aumento de preços, destacando-se as limitações do transporte marítimo e o aumento de lucros das operadoras.

O autor cita um artigo do Project Syndicate de James Galbraith e mostra que o sistema  de produção deslocalizada e transporte de matérias primas ou produtos manufaturados através do modo marítimo funcionava perfeitamente, com os navios porta-contentores a aumentar de capacidade, mas que criou a ilusão de que funcionaria sempre bem, pelo que não dispunha de redundância, ou em linguagem coloquial, de plano B.  Citação do artigo do Project Syndicate:

The supply disruptions plaguing the US economy are not the result of "excessive demand," "central planning," or a lack of efficiency. Rather, it is that a logistics ecosystem that was developed to feed the beast of American consumption was not designed for a pandemic.

A perspetiva dos economistas pode não coincidir com a dos técnicos de transportes, mas neste caso há muito em comum. O sistema de transportes marítimo não tem redundância porque "entupindo" os portos ou faltando contentores temos escassez e escassez é para os economistas (e restantes  pessoas, associado a fome ou aumento de preços) um termo satânico.

Como não sou especialista de transportes marítimos, sugiro como redundância o transporte ferroviário. Curiosamente, a chamada nova rota da seda, iniciativa chinesa para as trocas globais de produtos, está sendo muito mal vista pelas "democracias ocidentais", como uma forma de domínio chinês.  Melhor fora que estudassem David Ricardo e que das trocas comerciais fizessem um fator de paz e harmonia entre as nações. Mas talvez isso seja apenas "um sonho".

No transporte ferroviário, uma redundância pode ser uma rota alternativa. Se uma rota ficar inoperacional pode fazer-se o paralelo por uma alternativa; se um entreposto ou plataforma logística entupir, deve existir outra próxima. Num sistema de sinalização ferroviária, ou de marcha automática, deve prever-se um sistema de recurso que permita o movimento, naturalmente em condições degradadas, mas movimento em segurança, de modo a não interromper completamente o fluxo.

Parece que no transporte marítimo não havia redundância. Melhor pensar na coordenação com o transporte ferroviário de muito longa distancia, do que acabar com a globalização. Compartimentos estanques e multidões agressivas estimuladas por governantes preconceituosos contra o outro lado não sáo saudáveis.





Sem comentários:

Enviar um comentário