segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

La forza del destino, ópera de Giuseppe Verdi, libreto de Francesco Maria Piave, sobre uma peça de Angel de Saavedra

 A Força do Destino, ópera de Verdi estreada em S.Petersburgo em 1862, já depois da reunificação italiana.

Verdi foi um pensador progressista que compreendia a natureza humana e as suas limitações  e que nas suas óperas muitas vezes contrariou o pensamento da época.

Embora a história contada nesta ópera seja uma tragédia melodramática, contem elementos sempre atuais. É um verdadeiro libelo contra a xenofobia e o racismo, uma vez que o heroi é filho de um nobre espanhol colonizador da América do Sul e de uma princesa inca, o que é motivo de desconsideração pelos nobres espanhois (a desculpa de que na época a escravatura e o racismo eram comumente aceites é mentira, porque há documentos deixados por quem os condenava). Temperou a tragédia com elementos ligeiros, por exemplo, deixa os soldados num acampamento dos aliados espanhois e italianos gritar vivas à luta contra o invasor (Verdi defendeu a reunificação italiana contra o ocupante austríaco), deixa-os gritar que "são felizes, que a guerra é alegria e a vida aventurosa de um militar", mas põe camponeses a pedir esmola "porque a guerra  destruiu os nossos campos", contrastando com o canto das vivandeiras "na guerra está a loucura que deve alegrar o acampamento, viva essa loucura que só ela deve reinar" 

Seria possivelmente a unica maneira naquela altura de contornar a censura e chamar a atenção para a desgraça da guerra.

Escrevo isto numa altura em que a NATO e os seus homólogos russos se entregam a jogos que se espera não sejam de pré-guerra, com as gentis ministras dos negócios estrangeiros das nações mais ricas a ameaçar a Russia.

Em vez de estabelecer a paz com intercambio e comércio.

Viva Verdi.

https://www.youtube.com/watch?v=drbHCt0lwzo





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