segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mais uma notícia aterradora sobre venda e aluguer

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Na mensagem de dia 30 de Julho, intitulada "Déjà vu", dei conta das questões de venda e aluguer de edifícios para os CTT e seu relacionamento com uma empresa de construção civil.
Agora, leio no DN outra notícia aterradora.
Que o Ministério da Justiça cedeu o direito de superfície, no Porto, a uma empresa de construção civil, a quem alugará, como inquilino, os edifícios da nova cidade judiciária.
Parece que sem concurso público, por ajuste direto.
Ressalvo que a legislação permite exceções ao concurso público. Alguém terá de o fundamentar.
Eu próprio já fundamentei em propostas de ajuste direto, com fundamento técnico. Que foi rejeitado porq quem não era técnico.
Se no caso do Ministério da Justiça no Porto  havia fundamento para o ajuste direto, estamos portanto perante um caso de descriminação de que eu fui vítima. Nem todos os portugueses são tratadospor igual.
Se não havia fundamento, como poderemos pensar que não estamos perante uma ilegalidade?

Será da minha idade, mas julgo-me mesmo vítima duma síndroma de Stefan Zweig, que, embora pressentindo elementos de esperança durante a segunda guerra mundial, não teve coragem para esperar pelo fim dela e pelo triunfo desses elementos (por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos do Homem).
Era barbárie demais, aquela guerra; os jovens , por serem mais jovens e fortes, que lidassem com ela.

Como eu reajo a estas questões de venda e aluguer, de manipulações financeiras de edifícios que deveriam ser pertença da comunidade e não de empresas de apropriação limitada, por mais que os economistas desacreditem a propriedade coletiva, que insistam que o governo não dispõe de dinheiro, que proibam o governo de dispôr de empresas rentáveis de onde possa retirar rendimentos para financiar o interesse coletivo, que impeçam também sistemáticamente o lançamento de impostos sobre as transferencias para as "off-shore" (pasme-se: em 2010 já foram depositados legalmente em "off-shore", a partir de Portugal, 1.200 milhões de euros), como eu reajo, dizia eu, sem querer initar Stephan Zweig, é com imensa tristeza.
Por ver, como dizia o professor Carvalho Rodrigues, que a Ciência não está a fazer parte da equação.
Será a nossa iliteracia crónica...

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3 comentários:

  1. "Eu não sei se tenho batatas...."

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  2. Batatas para comer, para vender, ou para deixar apodrecer e atirar a alguém?
    Não atire.
    Argumente.
    Mesmo que para uma parede.

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  3. Como grandes compradores de histórias, é interessante experimentar a inversão dos papeis.

    Eis a história dos meus sobrinhos que tentaram ser vendedores de qualquer coisa a um dos natos vendedores chineses sempre cheio de vénias e sorrisos numa loja.

    Estamos a falar de miúdos sub 12.

    Procuraram em casa umas tralhas para vender ao chinês e encontraram algo que o chinês não tinha o suficiente para os hábitos megalómanos dos ocidentais.
    Trata-se de artigos eléctricos.
    Juntaram o material e foram à loja próximo da casa deles.
    Sem noção dos preços, o material que custa 30€, quiseram vender aquilo por 2€.
    O chinês:
    -"Num quéu !"

    Espantados com tal reacção automática do chinês, acharam que os artigos não preenchiam os requisitos e foram para casa reformular a dose.
    Puseram e tiraram coisas e voltaram à carga.

    "Achámos que havia coisas melhores para lhe vender, 2€"

    O chinês:
    -"Num quéu !"

    Ficaram os 3 a olhar para o chinês com ar de poucos amigos e voltaram a casa, melhoraram o sortido de venda e voltaram à carga com o material numa caixa.

    "Pronto, agora já tem mais escolha!"

    O chinês:
    -"Num quéu !!!!!Num quéu !!!!!"

    Os miudos sem voltar a atrás, relançam o preço:

    "1€"

    O chinês começou a irritar-se:
    -"Num quéu !!!!!Num quéu !!!!!"
    -"Num quéu !!!!!Num quéu !!!!!"

    Os miudos já vermelhos:

    "e 0,5€?"

    Nesta fase qualquer semelhança entre o chinês e um saguim ligado à tomada eléctrica seria pura coincidencia:

    "Já disse num quéu, num quéu, num quéu, num quéu, num quéu, num quéu, ........."

    O chinês a vocifrar repetitivamente e a gesticular os braços a fazer uma cena digna de ser vista, aos saltos com o "num quéu" na matraca, havia chinês por toda a loja, os miudos ficaram paralisados a ver a cena e mais o chinês ficava eléctrico.

    O mais velho dos três sobrinhos percebeu que aquilo era a muralha chinesa, os outros acharam que não era bem o que o chinês queria comprar.

    Às tantas o chinês começou a "varrê-los" para a rua e os miudos desolados voltaram para casa.

    Para além das gargalhadas de cair para o lado, foi um estudo de mercado em micro-escala.
    Daqui retiram-se muitas reflexôes.
    Medir a reacção se invertermos hábitos.
    Só visto....

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