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Exmo Senhor Diretor
Há anos que a orientação editorial do DN apoia as reformas dos ministérios da Educação, insistindo que os professores a elas se opõem, corporativamente.
Felizmente, existe pluralismo no DN e algumas reportagens mostram que muitos professores não o fazem por espírito de corporação.
Por outro lado, essas reportagens têm revelado que no ministério não há só cinzentismo, burocracia e distanciamento relativamente aos problemas reais das escolas.
Por exemplo, a reportagem sobre o programa “Uma turma mais”.
O que me choca e me leva a escrever, é porém a insistência da direção em louvar a coragem do ministério no programa do fecho de escolas, mesmo confessando, a direção, desconhecer todos os dados do problema.
Quando coragem seria combater a desertificação do interior do país, assumindo claramente que as causas do insucesso das escolas são principalmente exteriores às escolas.
As políticas dos sucessivos ministérios da Educação há anos que se traduzem, com uma constante de tempo de vários anos, na persistência do insucesso escolar e, consequentemente, no aumento da criminalidade, da iliteracia e da desigualdade social.
E com este “pensamento único” de privilegiar as reformas sem cuidar das consequências negativas do fecho das escolas nem da impossibilidade do sistema de transportes assegurar uma solução económica e fiável nos dias de intempérie, a opinião pública não é convidada a reagir.
Será uma síndroma de Stefan Zweig, mas tudo isto me entristece muito.
Desejaria muito que o DN lançasse uma série de reportagens sobre os estudos nos USA para combate ao insucesso escolar, desde o NCLB (No child left behind) aos métodos do tipo Direct Instruction e sobre as análises de Steven Levitt (Freakonomics) sobre o insucesso escolar.
Com os melhores cumprimentos.
F.Santos e Silva
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