Ou porque algum extra-terrestre que não se mostrou a mais ninguém lha tenha explicado, ou porque ele próprio a deduziu depois de muita observação e partilha de informações com os pastores das planícies e das montanhas.
Vivia-se um período de seca e os pastos eram insuficientes para o gado, a base da economia de Israel.
Paradoxalmente, o povo deu ouvidos aos sacerdotes de Baal que lhes prometeram que os sacrifícios que os mais desfavorecidos sofriam com a seca iriam valer a pena.
O crescimento da economia, assente no gado, foi prometido ao povo para daí a um ano, quando regressasse a chuva.
O paradoxo era que os sacerdotes de Baal e os seus mais diretos apoiantes viviam confortavelmente, apesar da seca, enquanto o povo via os seus rendimentos diminuídos.
Mas os sacerdotes de Baal tinham encanto ao falar, ao explicar que as desigualdades eram a própria vontade de Baal, o deus do ouro, e o casal real, Acabe e Jezabel, era simpático aos olhos do povo.
A lei de Buys-Ballot que Elias descobrira, na versão que ele utilizava, era simples: dando as costas ao vento bárico, para a esquerda fica o centro de baixas pressões, sempre sensível às massas de ar marítimo, húmidas, a descambar para a chuva, e à direita fica o centro de altas pressões, a que muito mais tarde, no despertar da ciência iluminista, os primeiros climatologistas chamaram o anti-ciclone, distribuidor do bom tempo sem chuva.
Elias foi entretendo os sacerdotes de Baal com as discussões eternas que desde sempre entretêm o povo sem lhes dar hipótese de aceder às alavancas dos mecanismos económicos.
Até que pressentiu a mudança no vento bárico e, pela variação da direção e da intensidade do vento, percebeu que o anti-ciclone se encaminhava lentamente para o interior do Mediterrâneo, enquanto o centro de baixas pressões se aproximava da Palestina, vindo do Eufrates, criando assim condições para que as massas de ar marítimo, carregadas de humidade, pudessem ser sopradas para a Palestina.
Elias correu a anunciar ao povo que a chuva se aproximava, enviada pelo deus de Israel, e que assim se verificava a superioridade de Yavé sobre Baal porque Yavé era o deus da chuva, não Baal.
Os sacerdotes de Baal não gostaram e continuaram a insistir na teoria da recessão para o imediato e do crescimento e da chuva para mais tarde.
Elias tinha razão, para além da fé que tinha.
Choveu e o povo, convencido, mudou a sua simpatia de Baal para Yavé (Livro 1 dos Reis, 18:38 a 46).
Lembrei-me desta história ao ouvir na Antena 2 uma senhora de Mértola informar que tinham feito uma celebração e agora lhes restava”dar tempo a Deus para que lhes concedesse a graça da chuva que lhes tinham pedido”.
Lembrei-me também por ouvir a senhora ministra Assunção Cristas dizer que era uma mulher de fé e que esperava que chovesse, para além de ter pedido um “levantamento” das situações críticas.
Lembrei-me também por ouvir a fé que ministros das finanças, de economia e o primeiro ministro mostram orgulhosamente.
Por exemplo, as entrevistas dadas a jornais estrangeiros pelo senhor ministro das finanças Vítor Louçã Gaspar, em Setembro de 2011, que o crescimento irá voltar a Portugal em 2013
( http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1979442&page=-1 ) ,
e em Fevereiro de 2012 que o crescimento voltará em 2014
( http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/gaspar-new-york-times-imprensa-defice-divida-recessao/1325590-1730.html ), isto é, em 5 meses o início do crescimento "escorregou" 1 ano.
Fé em Baal ou fé em Elias? Metodologia sacerdotal ou metodologia científica?
Pena este blogue não ter uma solução para tão grave problema que seja aceite pelo povo, que nem liga à lei de Buys-Ballot, mas que acha, este blogue, que a fé deve ser para outros domínios, lá isso acha.
Notas - O texto supra contem algumas adaptações das descrições bíblicas para ilustração de condições atuais, pelo
que essas adaptações não são compatíveis com as versões oficiais da Bíblia.
A parte do texto que se refere ao episódio bíblico dos versículos referidos está compatível com estes.
Omitiram-se os episódios sanguinolentos que se encontram nesta parte do Livro dos Reis.
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