sábado, 4 de fevereiro de 2012

Os prejuízos em 2010

alguns dos dados citados foram retirados da Visão de 2 de fevereiro de 2012

Os três grandes bancos privados tiveram prejuízos em 2011:
BCP    786 milhões de euros
BES     109   "
BPI      204   "
-------------------------------------
total   1.099  "

As empresas públicas de transportes tiveram os seguintes prejuízos em 2010:
Metro Lisboa     148 milhões
Transtejo             34    "
CP                     209   "
Refer                  298   "
Carris                   49   "
metro Porto        352   "
STCP                 291   "
------------------------------------
total                  1381   " 

É interessante ver como a ordem de grandeza é aproximada, passe  a não comparabilidade de coisas diferentes, e como, solícito, o senhor governador do banco de Portugal veio explicar que as causas dos prejuízos dos três bancos privados não vão repetir-se, e que são,as causas,entre outras, as transferências dos fundos de pensões (não em meu nome), as almofadas (julgo que se trata de provisões, mas ignoro o significado de almofada em contabilidade, embora já saiba que, segundo o novo sistema de contabilidade, "provisões" se diz agora "ajustamentos") e imparidades devido a diferenças de tratamento estatístico (o contrato com o senhor contabilista que me justificasse um prejuízo com estes palavrõezitos terminaria no preciso exercício; não parece aceitável dirigir-se assim à população contribuinte por falta de clareza).

O carinho com que o prejuízo dos bancos é tratado, bem como a preocupação em não chamar nacionalização à injeção de capital público, contrastam com a rispidez do senhor secretário de estado dos transportes ao referir-se aos prejuízos das empresas de transporte e aos efeitos maléficos da greve no montante de 150 milhões de euros durante um dia.

Tomemos o caso do metro de Lisboa e os seus resultados em 2010:
receitas (incluindo indemnizações compensatórias e provisões)  ............. 110 milhões
gastos de pessoal e de fornecimentos e serviços   .................................  127     "

Não parece muito desequilibrado (falta incluir as amortizações e os juros) , especialmente se nos lembrarmos da já reconhecida pelo governo iniquidade da distribuição das receitas dos passes, com benefício de empresas privadas em detrimento de empresas públicas, mas não vale a pena insistir nisso porque o próprio orçamento de Estado para 2012 corrige parcialmente.
O problema é surgirem 44 milhões de reduções de justo valor (mais um palavrãozito devido às novas regras da contabilidade), mais 32 milhões de amortizações e finalmente, mais 52 milhões dos célebres juros dos empréstimos que deviam estar na conta do Estado.
Resulta então o prejuízo de   110 - (127 + 44 +32 +52) ~ 148 milhões  

É uma pena o senhor secretário de Estado não explicar os prejuízos das empresas públicas com o cuidado posto pelo senhor governador do Banco de Portugal.

Talvez fosse um bocadinho de uma ponte a construir entre o irado ministério da economia e os preocupados e desmotivados trabalhadores das empresas (ninguém gosta de ver a sua empresa a desmoronar-se e o seu trabalho menosprezado ao ponto o considerarem inútil).

Mas voltemos à previsão de 150 milhões de euros como prejuízo para o país devido à greve dos transportes de dia 2 de fevereiro .
Terá feito as contas ao VAB acrescentado pela empresas de transportes ao longo de um ano?  
Ou simplesmente fez as contas ao PIB.
A 150 milhões por dia , multiplicando por 280 dias úteis, temos 42 mil milhões de euros, ou cerca de 25% do PIB.
A base do raciocínio será então que as empresas de transportes são responsáveis por viabilizarem, todos os dias, um quartoo do PIB.
Nada mal, até acredito.
Porque as trata então tão mal, se elas são tão necessárias?
Bem, deve ter ficado muito contente, afinal a adesão dos maquinistas ou condutores não foi muito grande e o prejuízo não foi de 150 milhões de euros.
E a grande pena foi  mesmo ter-se perdido mais uma oportunidade de estabelecer pontes entre as duas partes.
Pena mesmo.
Devíamos estar todos a debater as propostas do grupo de trabalho e a corriji-las para minimizar os prejuízos para todos, cidadãos contibuintes e cidadãso e cidaaadãs trabalhadores.
Mas não, nem sequer foram publicadas as conclusões e os anexos do grupo de trabalho.
Este secretismo sufoca e ofende.


Por informação da CGD de 2012-02-10, os prejuizos da CGD em 2011 foram de 488 milhões de euros, desculpando-se o gestor que apresentou os resultados com circunstancias exteriores e seus efeitos nasimparidades que não se repetirão. Foi tambem dada a notícia de que ainda não se concretizou o empréstimo de 5.400 milhões de euros da CGD ao BPN, o banco que para ser vendido pr 40 milhões de euros tem de receber uma injeção de dinheiros públicos de 600 milhões de euros. Foi aainda noticiado que, tal como criticado oportunamente neste blogue, o Estado português ficou sem direito aos dividendos da EDP e da REN correspondentes a 2011. Estes números são aqui referidos para justificar um pouco mais de calma quando se critica a enormidade das dívidas das empresas públicas de transporte.

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