segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Estaleiros de Viana do Castelo

Este blogue manifesta a sua indignação pelo tratamento dado aos estaleiros de Viana do Castelo.

O senhor ministro da Defesa respondeu há meses a um jornalista que tambem ele sentia o problema, e que estava a estudar soluções.

Passado este tempo, não é admissível a continuação do secretismo perante a população nem a situação insustentável de haver encomendas (navios asfalteiros que exigem uma construção específica) e não haver crédito para encomendar a chapa.

Se o problema é assim tão difícil de resolver, se foi tão fácil vender o BPN (e neste caso não foi impossível encontrar 600 milhões de euros para injetar num bem que se vende por 40 milhões) , se foi fácil e rápido vender a REN e a EDP (não em meu nome) , aceita-se uma venda rápida dos estaleiros, aos holandeses, aos sul-coreanos, aos chineses (ainda recentemente um superpetroleiro chinês teve um problema grave que deu grande prejuízo ao armador brasileiro), a quem quiserem, desde que garantam os salários, de acordo com os padrões nacionais, e os postos de trabalho do estaleiro.

Manter este naufrágio pior que na praia, como disse um trabalhador dos estaleiros, é que não.

Felizmente um armador nacional já encomendou a reparações de alguns dos seus portacontentores, mas lamenta-se a permanência da recusa do contrato inicial com a empresa dos Açores, com todo o respeito pelos senhores governantes da região.

Especialmente se compararmos os 21 milhões de euros para 3 anos de aluguer, por ajuste direto, de dois navios gregos, com os 50 milhões que custou o Atlântida.

Talvez o exemplo do Costa Concórdia dê uma ajuda para que se retome o contrato inicial (repristinar, como dizem os jurídicos) , apesar da velocidade ser efetivamente inferior ao contratado.

Acontece que é inferior porque o estaleiro entendeu, e bem, por razões de segurança, acrescentar robaletes (quilhas laterais ao longo de todo o comprimento do casco, destinadas a diminuir o rolamento ou balanço transversal ou adornamento, que se podem ver nas fotografias do Atlantida) ao casco do Atlântida.

Embora os robaletes melhorem a estabilidade do navio e reduzam os riscos de adornamento (como ingloriamente aconteceu com o Costa Concórdia por falta deles e por insuficiencia dos estabilizadores), aumentam o atrito ao deslocamento e portanto reduzem a velocidade máxima.

Acresce que, por razões de economia de combustíveis fósseis e ambientais, é aceitável fazer as ligações entre as ilhas a velocidades inferiores às previstas no contrato.

Os robaletes vieram eliminar uma deficiência do projeto original (russo, feito para as águas do mar negro) , que infelizmente alguém, no principio, achou que iria embaratecer a construção do navio.

Mas foram acrescentados por razões de segurança.

É apenas mais um exemplo de uma falta de atenção na fase de projeto, mal tão comum no nosso país.



Manter o Atlântida parado e manter a situação de angustia e indefinição dos estaleiros é, salvo melhor opinião, de uma indignidade inadmissível.















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