As coisas mudam, vão mudando...quem diria, que ao fim de 18 meses de operação, a Easy Jet receba um pré aviso de greve par ao Natal e Ano Novo.
Terão de se habituar, os cidadãos e cidadãs que tanto criticam os trabalhadores das empresas publicas de transportes, à ideia de que os das empresas privadas tambem fazem greve.
A razão é simples: a Easy Jet tem abusado, tal como a troika e os senhores governantes, na desvalorização do fator trabalho.
É uma forma de incentivar a luta de classes, e é uma forma errada de gerir, salvo melhor opinião.
A componente do fator capital nos custos de produção, graças às tecnologias que proporcionam aumentos de produtividade cresce. O custo do fator trabalho diminui. Não parece portanto lógico estar a diminui-lo artificialmente comprimindo os salários e dificultando a vida dos trabalhadores através de horários desfavoráveis.
Por outras palavras, se os senhores gestores querem melhorar as contas, invistam na racionalização do que tem maior peso nos custos, nos ativos do capital intensivo.
Eu penso que talvez seja isto também que o senhor presidente da CCP queria dizer quando comentou as afirmações do senhor vice presidente da comissão europeia que se manifestou muito feliz com o que viu em Portugal e que reduzir salários nesta fase é ótimo porque aumenta a "competitividade". Disse João Vieira Lopes: os economistas da troika desconhecem como funciona a economia portuguesa.
E assim sintetisou a grande questão: a troika desconhece como funciona a economia portuguesa, os senhores ministros também, nas respetivas áreas (exceção para os senhores ministros da saúde e da energia e ambiente). Assim não admira que os resultados sejam maus.
E quando vêm muito contentes dizer que o "empreendorismo" (extraordinário como o senhor ministro da Economia diz esta palavra) está a dar resultados, ou que as exportações são irrevogavelmente o máximo e o desemprego está a baixar (por mais que lhes expliquem que os critérios com que o Eurostat mede o desemprego tem uma margem de erro superior às melhorias que eles vêem, que o desemprego juvenil continua a subir, que a taxa teórica de desemprego pode estar a baixar mas a taxa de destruição de empresas e de empregos continua a aumentar, que o peso das exportações no PIB continua demasiado pequeno, que a dependencia das importações continua insustentável, e que a principal componente das exportações são os combustíveis refinadas só possivel por decisões do anterior governo).
Não vale a pena, os pobres desconhecem mesmo, e o desconhecimento das coisas é maneira mais eficaz de destruir a economia, que parece ser o objetivo do atual governo (para depois dela destruida poder voltar a crescer, como diz o senhor primeiro ministro, por outras palavras, mas é o que diz). Ou de como o maior grau de competencia para atingir um objetivo pode ser o desconhecimento e a ignorancia.
Como se pode ver no caso exemplar dos estaleiros de Viana do Castelo, contribuintes liquidos para o aumento da taxa de desemprego e para a diminuição da atividade produtiva do país. Ver o ar de auto satisfação do senhor ministro da defesa repetindo que tomou as melhores decisões ajusta-se perfeitamente à afirmação anterior, desconhecimento de como funcionam as coisa (neste caso, como se constroem navios como se põem ao serviço do país e como se justificam os 181 milhões de euros de "ajudas" porque nada proibe um Estado da UE de ter uma industria própria de defesa nacional). Aí temos pois um caso de competencia assegurada pelo desconhecimento. Se houvesse conhecimento, poderia acusar-se o senhor ministro de irresponsabilidade, por insistir que tomou boas decisões enquanto se ri. ou de má fé, o que não pode fazer-se porque o direito romano não autoriza fazer juizos de intenções. Além de que o senhorministro tem outra atenuante, que é a da fé cega que tem nos dogmas das privatizações. E sabe-se da psicologia que a fé pode ser uma barreira intransponível ao conhecimento.
Salvo melhor opinião, claro.
Mas como comecei por dizer, as coisas vão mudando, as empresas de transportes privadas já vão tendo as suas ameaças de greve (à atenção do senhor secretário de Estado das privatizações e concessões dos transportes).
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