Mais uma vez chamo a
atenção dos senhores governantes que na sua auto-satisfação preparam a concessão
de linhas ferroviárias, embora seja muito ténue a esperança de ser ouvido.
Como diz Medina Carreira, “não vale a pena perder tempo”,
neste caso com muitos inquéritos e investigações ao acidente-descarrilamento de
um comboio de mercadorias em
São José do Rio Preto.
Há anos (2004) que o ministério público intimou o concessionário
ALL a renovar a via férrea. Como não o fez, o concessionário foi multado em
cerca de 350.000 euros, mas o acidente sobreveio com a morte de 8 moradores.
A foto de 2004 mostra o estado do leito de via.
Tudo indica que o aterro em que o balastro assentava abateu
depois da passagem da locomotiva e dos primeiros vagões. Formando-se um bico
(considerando um plano vertical longitudinal no sentido longitudinal da via),
um dos vagões intermédios é bloqueado e os seguintes fazem o efeito de harmónio
perpendicularmente à via, destruindo as habitações.
Este é um exemplo dos riscos de concessionar uma via férrea
sem existir poder de regulação e fiscalização por parte da autoridade de
transportes.
A história já regista casos inadmissíveis como a experiencia
inglesa pós Thatcher, os acidentes na Bélgica, na Áustria e na Saxónia-Anhalt.
Os acidentes acontecem no serviço público, e cortar na
manutenção e nos recursos humanos aumenta a probabilidade deles ocorrerem, mas
a experiencia mostra que este é mais um setor “irregulável” sempre que as
empresas concessionárias são fortes.
Os acidentes acontecem por convergência de causas (neste
caso, por falta de manutenção, por excesso de tonelagem ou de passagem de
muitos comboios sem manutenção da via, por falta de formação dos maquinistas para
reportar deficiências, por arrastametno dos inertes do leito de via por excesso
de chuvas, etc) e o seu risco é avaliado conjugando a probabilidade da sua ocorrência
(baseada no histórico) com a gravidade das suas consequências.
A probabilidade do concessionário “poupar” na manutenção,
como se vê no vídeo da notícia da ligação, e a probabilidade do órgão oficial
regulador “falhar” na sua regulação, são ambas grandes, pelo que o risco é
inadmissível consoderando a gravidade das consequências.
Por isso se alertam os senhores governantes, para que a sua
consciência não venha a atormentá-los, eventualmente, por mortes de inocentes.
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