Em linguagem do século XVII, e invocando a entidade divina onde outros poderão ver a própria consciencia, ou a consciencia coletiva, um cidadão longínquo já pensava como outros cidadãos pensam agora, que fazer do nosso tempo?
Ou como dizia Galois, dos grupos de Álgebra, a morrer aos 21 anos e a deixar escrito "não tenho tempo".
O desperdício que é para a humanidade darmos tanta importancia ao entretenimento e ao passatempo... mas o mercado funciona assim...
Deus pede hoje estrita conta do meu tempo.
E eu vou, do meu tempo dar-Lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
E eu vou, do meu tempo dar-Lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo fazer conta,
Hoje quero fazer conta e não há tempo.
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo fazer conta,
Hoje quero fazer conta e não há tempo.
Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo em vossa conta.
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo em vossa conta.
Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Conta e Tempo , soneto de Frei Antonio das
Chagas (1631-1682)
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