Acrónimos são quase sempre antipáticos. Obrigam a um esforço de memória inglório.
Mas podem esconder coisas de muito interesse.
Que deixamos, nós a comunidade, passar.
CEF significa Conneting Europe Facility, o que significa meio, instalação ou mecanismo para interligar a Europa.
Por exemplo, CEF Transportes, em que sucessivas datas para apresentação de propostas concretas e projetos de ligação à Europa de redes de transportes vão sendo queimadas (calls for proposals).
Ou CEF Energy, para as interligações energéticas, para poder exportar-se o excesso de energia produzida graças às intermitencias das eólicas e à capacidade instalada.
Vão-se apresentando umas propostasinhas, pelas grandes empresas do setor, com assinalável descoordenação dos departamentos oficiais, talvez por não menos assinalável insegurança e incerteza sobre objetivos a atingir.
E é aqui que entre o AACAES.
Não se trata de nenhum parente dos CAE (contrato de aquisição de energia) ou dos CMEC (custos para a manutenção do equilíbrio contratual), ou rendas de rentabilidade de 17% quando o máximo razoável seria 7,5% , e que herdámos da liberalização do setor elétrico e que contribuem para o défice tarifário da eletricidade que consumimos:
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/dez_perguntas_e_respostas_sobre_um_palavrao_chamado_cmec.html
AACAES também está relacionada com as intermitências das eólicas, mas significa:
Advanced Adiabatic Compressed Air Energy Storage (armazenamento avançado adiabático de energia por ar comprimido).
Isto é, pretende-se armazenar a energia em excesso das eólicas em períodos de baixo consumo para devolução posterior à rede em períodos de grande consumo. A energia em excesso pode ser armazenada em albufeiras de centrais hidroelétricas com bombagem, ou pode ser exportada (se houver interligações com Espanha e desta com França), ou pode ser utilizada em pequenas instalações locais de armazenamento por baterias ou produção de hidrogénio.
No caso do AACAES a eletricidade produzida pelas eólicas alimenta um compressor cujo ar comprimido é armazenado em cavernas para ser utilizado quando a procura o exigir, acionando uma turbina e esta um gerador que injeta a eletricidade na rede (capacidade instalada de 300 MW e fornecimento à rede durante 6 horas).
Advanced porque as instalações CAES existentes requerem consumo de fuel ou gás natural para aquecer o ar comprimido antes de acionar a turbina, com um rendimento entre 50 e 60%, da ordem das centrais de gás natural de ciclo combinado.
Adiabático porque o sistema está isolado, a menos da eletricidade produzida, aquecendo o ar comprimido antes da turbina do gerador aproveitando o calor da compressão do primeiro estágio, calor esse que também tem de ser armazenado.
A primeira central deste tipo AACAES está a ser desenvolvida com fundos comunitários do CEF Energy.
Descrição dos sistemas CAES e de formas locais em pequena escala de armazenamento em:
https://www.rwe.com/web/cms/mediablob/en/391748/data/364260/1/rwe-power-ag/innovations/Brochure-ADELE.pdf
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S100200710800381X
http://cdn.intechopen.com/pdfs/42268/InTech-Compressed_air_energy_storage.pdf
e
http://energystorage.org/about
Pena em Portugal ficarmos a ver de longe estes desenvolvimentos, enquanto a nossa elite se queixa do excesso de produção eólica instalada e se consome em seminários auto-gratificantes incensando a competitividade das pequenas, médias e grandes empresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário