O naufragio de Sepúlveda em versão condensada e comparativa,
dedicado ao senhor ministro das finanças Vítor Gaspar, que gosta de citar a
história trágico marítima para realçar que uma parte dos portugueses há-de
sobreviver à crise:
Sepúlveda terminou a sua comissão na Índia e obteve o
comando de um galeão para regresso a Portugal, com a mulher e filhos
|
Gaspar terminou a sua comissão nos gabinetes de paredes
bem isoladas da realidade exterior das finanças europeias e obteve o
ministério das finanças do governo de Portugal
|
O galeão carregou em vários portos, para alem da sua
capacidade náutica, pimenta, sedas, louça chinesa e pedras preciosas
|
Gaspar, com voz pausada, explicou aos portugueses que
teriam de produzir mais com o equipamento de que dispõem
|
Corria o mês de Fevereiro de 1552 quando a viagem se
iniciou, com 200 tripulantes, 200 fidalgos e soldados, e 300 escravos
|
Gaspar explicou ainda que a força de trabalho mal
remunerada é essencial para conter a subida dos preços e para chegar ao
equilíbrio orçamental das contas públicas
|
Atravessado o Indico, ao fim de pouco mais de 2 meses de
navegação, chegaram à costa de Moçambique, levantando-se um temporal que
rasgou as velas e danificou o leme
|
Graças ao apoio e à orientação do ministro das finanças
alemão, atingiu-se sem novidade o nível de juros no mercado financeiro que
Gaspar desejava
|
Depois de alguns dias de navegação tormentosa em que não
se conseguiu reparar o leme, nem os mastros quebrados, nem as entradas de
água, tentou-se ancorar junto à costa de Sofala
|
Porém, a descida do PIB e a subida tormentosa do
desemprego lançaram o caos na estrutura do governo
|
Depois do transporte para a praia, nos bateis, de parte
dos viajantes e da mercadoria, o agravamento do mar levou o galeão a embater
numa rocha e a afundar-se, perdendo-se grande número de pessoas e a maior
parte da mercadoria
|
Apesar de medidas bem intencionadas de alguns ministros,
no entanto mal conduzidas as mais das vezes, como no caso dos ministérios da
economia e da agricultura, foi-se perdendo a capacidade produtiva na
agricultura e na industria
|
Os sobreviventes na praia eram cerca de 500, dos quais 180
portugueses
|
Os sobreviventes da sangria do desemprego e das
insolvências bateram-se valentemente
|
Sepúlveda resolveu com o conselho de oficiais subir a
costa a pé na esperança de atingir a base de Sofala
|
Gaspar traçou uma estratégia de austeridade cheia de
perigos e muito exposta aos ataques dos especuladores
|
Atravessando regiões áridas e atacados pelos habitantes, o
grupo foi sendo dizimado ao longo de
|
Em consequência, o PIB continuou a descer e a divida e o desemprego a
subir
|
Os sobreviventes, 8 portugueses, 14 escravos e 3 escravas,
seriam recolhidos por um navio português que os levou para a base de
Moçambique Norte onde chegaram em maio de 1553
|
Apesar de tudo, parte da população portuguesa conseguiu
manter uma atividade produtiva de bens e serviços transacionáveis e garantir
parte dos rendimentos
|
Sepúlveda foi o capitão de um dos mais trágicos episódios
da história trágico maritima portuguesa
|
Gaspar foi o ministro das finanças de uma das estratégias da história portuguesa mais desadequadas à retoma económica
|
PS em 5 de abril de 2013 - conhecido o episódio menos trágico da demissão de Miguel Relvas, reproduzo o quadro enviado pelo partido socialista à troika, com os resultados do trabalho do senhor ministro das finanças Vitor Gaspar e da sua equipa. Independentemente do desconhecimento da realidade portuguesa e da ignorancia da elevada probabilidade de desastrosa evolução dos indicadores, revelados pela troika, regista-se a má prestação do senhor ministro, confirmando o diagnóstico negativo feito neste blogue desde o principio. De ressaltar a queda do PIB e o aumento do desemprego (neste caso um fim em si mesmo da estratégia da troika e do governo para comprimir os salários) :
|
|
Memorando
maio 2011
|
7ª avaliação
março 2013
|
Defice
|
2012
|
4,5%
|
6,4%
|
2013
|
3,0%
|
5,5%
|
|
Variação PIB
|
2012
|
-1,8%
|
-3,2%
|
2013
|
+1,2%
|
-2,3%
|
|
Divida
publica
|
2012
|
107,4%
|
123,6%
|
2013
|
108,6%
|
122,4%
|
|
Desemprego
|
2012
|
12,9%
|
15,7%
|
2013
|
12,4%
|
18,2%
|
Sem comentários:
Enviar um comentário