segunda-feira, 15 de abril de 2013

Securitarium - Ivalandia, país seguro em 2012




A Ivalandia é um país seguro.
As suas estatísticas nunca foram de confiança, não por causa de quem faz as estatísticas, mas porque a recolha de dados, ou a falta dela, debate-se num mar de dificuldades.
Tal como a exposição e a interpretação dos dados.
Parece que é genético, o ser difícil registar e interpretar dados de forma fidedigna.
Eis porque o relatório de 2012 da segurança interna (RASI)  diz claramente que o crime violento diminuiu (melhor diria que o numero de registos de crime diminuíu) , mas que o numero de homicídios subiu. 
Isto é, morre-se mais, mas morre-se com menos violência.
Não, não é bem assim, não se pode retirar esta conclusão. Houve menos crimes violentos porque o roubo por esticão é considerado um crime violento, e o seu número baixou.
Mas o número de homicídios subiu.
Subiu 27,4%, para 149, quase um homicidio dia sim dia não. Tal como o assalto a ourivesarias.
Evidentemente que os analistas sociais já há muito estabeleceram a correlação entre desemprego e abandono escolar por um lado, e criminalidade pelo outro. Essa correlação considera o tempo de reação entre a circunstancia ativadora da correlação e a manifestação das ocorrências (o tempo de reação entre o abandono escolar e a criminalidade é maior do que entre o desemprego e a criminalidade).
Mas claro que estas correlações são mantidas longe dos discursos dos senhores ministros, enquanto no Parlamento os senhores deputados defensores da politica do governo acusam de irresponsáveis os deputados da oposição que insistem que não é o aumento dos recursos das policias que, por si só, garante a segurança.
Entretanto, para tranquilizar os estrangeiros que habitam em Portugal, especialmente os reformados, são anunciados reforços de meios policiais no Algarve (recordo como há estrangeiros reformados que ainda gostam de viver em Portugal; os azulejos do mercado de Setúbal que forma destruídos pelo desmoronamento da parede sul estão a ser recuperados e substituídos graças ao mecenato do casal Muller, alemães aposentados que se fixaram em Portugal).
Penso que, no contexto recessivo e de aumento de desemprego que se vive, seria essencial uma politica ativa de emprego, tal como está inscrito na Constituição da Republica, por mais que isso contrarie os principios económicos do governo e da troika (o desemprego contem a inflação – lei de Philips).
Divulgar portanto os casos de homicídio, longe de ser um convite ao pânico das populações, será encarado como proposta de mudança de politica securitária do governo, atuando a montante, como prevenção, e não como remédio depois da casa assaltada (aliás, o número de assaltos a casas subiu).
Registo o assassínio em ambiente de grande violência de um cidadão de 78 anos em Moreira de Cónegos em 10 de abril de 2013, com agressões à esposa e à funcionária.
E em 14 de abril, o assassínio do segurança do hotel D.Afonso III em Faro.
Não chega a desculpa da imigração, porque muitos destes crimes são cometidos por portugueses. É natural que, havendo desempregados imigrantes, a sua participação nos assaltos seja proporcional à sua presença no país e à sua taxa de desemprego.
Registo ainda a contenção de custos da FERTAGUS, reduzindo os encargos com empresas de segurança e transferindo as funções de segurança para pessoal interno, numa altura em que as agressões a seguranças aumentam. É claramente um caso de regressão do nível de qualidade do serviço prestado e um exemplo de que as empresas de transporte sofrem as consequências da politica governamental de recessão (por outras palavras, os encargos das empresas de transporte com a segurança contra assaltos deveriam ser imputados à divida púbica e não das empresas).
Contrariamente ao afirmado pela FERTAGUS ao comunicar o fim da contratação de empresas de segurança, o “outsourcing” neste campo pode ser vantajoso para as empresas de transporte, libertando os seus agentes para as funções especificas como transportadoras.
Pensemos como o que deixo escrito deve ser pouco compreendido pelos enviados da troika, em cujos países o indice de desemprego e, especialmente, o indice de violencia nas empresas de transportes, é consideravelmente mais baixo.
E se não compreendem, como podem alterar as suas propostas?

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