quarta-feira, 4 de junho de 2014

Organização e financiamento de transportes urbanos, 3ª sessão promovida pela CML

Texto do contributo que apresentei na 3ªsessão do ciclo sobre transportes organizado pela CML, subordinada ao tema Organização e financiamento de transportes urbanos, em 3 de junho de 2014.
De salientar indicadores muito curiosos apresentados por alguns dos oradores, nomeadamente o de que Portugal é dos países de menor subsidiação do transporte coletivo ferroviário (nos USA chega a 80%, em Portugal a 22%) e de que a taxa de cobertura das despesas pelas receitas operacionais (a que poderemos chamar comparador internacional) em Portugal é superior à média europeia (50 a 70%).
De salientar a ameaça da tendencia da UE para de forma irrealista (apesar de ser muito positiva a sua politica de eficiencia energética e redução de emissões de gases  com efeito de estufa) pretender uma cobertura de 100% das despesas pelas receitas operacionais.
Ver:
http://ec.europa.eu/transport/themes/urban/studies/doc/2012-03-study-on-the-financing-needs-in-the-area-of-sustainable-urban-mobility-final-report.pdf




Ver tambem dois interessantes artigos, nas páginas 42 e 47, sobre financiamento de transportes públicos, na revista da ADFERSIT de Março de 2012: 





Relação de  possibilidades de financiamento:

      • auto-financiamento por aumento de receitas através do aumento da taxa de ocupação e do aumento da procura, nomeadamente através de :
§         multas de estacionamento (principalmente sobre os passeios ou sobre as linhas de elétrico)
§         portagens à entrada da cidade (desenvolvimento de parques “park and ride”)
      • mais valias de urbanizações, a exemplo de Hong Kong, atribuindo a concessão do empreendimento imobiliário ao operador  (obriga a ligação indissociável entre o planeamento das redes e a organização do território e urbanismo, nomeadamente politicas de reabilitação urbana)
      • contribuição extraordinária com a emissão de licenciamento de construção, a exemplo das pontes 25 de abril e Vasco da Gama
      • afetação de parte do IMI em função da localização relativamente à rede de transporte  ou taxas variáveis em função da necessidade de novas linhas
      • taxação extraordinária sobre o combustível vendido na  área metropolitana com definição de escalões de consumo, sob a forma de taxa de carbono (distribuição dos custos das externalidades)
      • imposto do tipo “versement transport” francês (0,55 a 1,75% dos salários pagos pelas empresas com mais de 9 funcionários em função do número de habitantes da região) compensado com redução da atual carga fiscal sobre as empresas e benefícios fiscais às empresas sediadas em Lisboa, nomeadamente as que paguem as deslocações em TC aos seus empregados ou clientes ou que emitam cartões de desconto associados ao TC
      • forte adesão aos fundos comunitários do programa 2021-2027, o que exige que se comecem já os projetos, considerando que a participação no quadro para 2014-2020, relativamente à mobilidade urbana, é muito curta
      • no caso de recurso a PPP para construção, manutenção ou exploração, limitar a taxa de rendibilidade a 3%, repartir equitativamente os riscos e prever mecanismos de correção das previsões de procura e da duração da concessão


Necessidade de uma  ligação forte e permanente aos programas de financiamento da melhoria da mobilidade e da eficiencia energética da EU,  com colaboração com universidades, associações profissionais e revistas da especialidade, nomeadamente para:
§         aplicação de inovações tecnológicas em novas redes “on demand” (transporte local guiado, ou frotas de carrinhos elétricos de aluguer partilhado para curtas distancias e baixa capacidade, ou autocarros elétricos de recarga de baterias em movimento, ou economia do hidrogénio)
§         efetiva reabilitação urbana, com fixação de novos habitantes e setor secundário, e combate à desertificação da cidade
§         aprofundamento dos estudos aplicados à realidade portuguesa sobre a viabilidade das linhas de orientação europeias conseguirem uma taxa de cobertura das despesas totais pelas receitas de 100% nos aspetos:
§          utilizador-pagador : pagamento em função dos rendimentos ou desenvolvimento de politicas de descontos; definição de um comparador internacional para avaliação do custos e cobertura de despesas por receitas operacionais razoáveis de transporte urbano
§         poluidor (combustíveis fósseis)-pagador : taxa de carbono/externalidades



Questões a colocar à CML:

1 – na CML existe ou está em desenvolvimento em tempo útil um plano para levantamento dos passeios incompatíveis com a presença de automóveis sobre eles e para subsequentes fiscalização e multa sistemáticas?
2 – na CML existe ou está em desenvolvimento em tempo útil um plano para definição e instalação de pontos de portagem de entrada na cidade? (nota: o sistema de Londres, Oslo e Estocolmo não exige barreiras físicas, processando-se automaticamente a identificação das matriculas e o envio domiciliário da respetiva multa)
3 -  a CML participa ou tem conhecimento de instituições oficiais ou privadas que participem nos programas comunitários de estudo e implementação de medidas de melhoria da mobilidade urbana e da eficiencia energética e redução de emissões? se sim, pede-se ampla divulgação







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