domingo, 23 de janeiro de 2011

Discordo I - Bruce Willys e Rentes de Carvalho em dia de eleições

Discordo da mensagem do anúncio a mais um filme de Bruce Willys que passa na televisão: "todos precisam de um heroi".
Discordo porque desconfio de herois.
Desconfio de herois, pela mesma razão que os holandeses desconfiam de herois.
Quem testemunha sobre os holandeses é Rentes de Carvalho no seu livro "Com os holandeses", editora Quetzal:
http://www.ionline.pt/conteudo/37943-rentes-carvalho-criticou-os-holandeses-e-foi-best-seller

Os holandeses não são dados a gestos grandiosos, os holandeses não
gostam de esbanjar dinheiro, têm uma desconfiança inata pelos heróis, aborrem a bajulação mesmo
póstuma.

E eu confirmo. Estive 2 meses na Holanda. São frios, mas depois de uns dias de contacto são amigos.
Impressionou-me terem as cortinas nas janelas apenas da parte de cima, deixando que quem passe da rua veja o interior das casas. Porém ninguém olha. E depois, ás sextas feiras, tinham o comércio aberto até muito tarde, e fechado à segunda de manhã . Isto já foi há muitos anos, antes dos grandes centros comerciais abertos todos os dias, e a ideia foi rejeitada em Portugal, tal como janela sem cortinas a tapar tudo. O almoço eram duas sanduiches e uma maçã.

Talvez por isso é que a história económica da Holanda foi sempre de sucesso, mesmo durante o chamado período áureo do estado português, que em pleno século XVI se lembrou de abrir bancarrota (já os imperadores romanos sabiam que nãoera possível alargar as fronteiras da guerra para alem de certos limites).

Com a crise, podia o governo português contratar holandeses para gerir empresas portuguesas.
Era uma ideia.

Mas se falo assim é porque já fecharam as urnas destas eleições de Janeiro de 2011 e já podemos divulgar o que Rentes de Carvalho escreveu noseu blogue sobre o valor destas eleições:

http://tempocontado.blogspot.com/

Tambem me parece. Os senhores que mandam em nós acusam-nos de gastarmos acima das nossas posses, e até pode ter sido verdade (muito gostamos de exportar divisas para o Brasil, Jamaica e demais destinos turisticos), mas querem que compremos os produtos dos nossos amigos alemães, não é? Podiam pensar que por mais endividamento que Portugal tivesse não seria por isso que o Lehman Bros , a Merryl Lynch e a AIG davam o triste pio. E em que contribui eu para as chico-espertices dos gestores do BCP que foram impedidos de exercer cargos, e do BPN, e do BPP? E para as exportações de divisas para os "off-shores". Pode ser que os senhores que mandam em nós achem que não há problema em ofender os cidadãos da forma com estão a ofender.

Mas era também por causa da opinião de que já falei do major Vitor Alves. Que as pessoas estão melhor agora do que antes do 25 de Abril, mas as mentalidades é que não. E as mentalidades dão nisto: querem um heroi salvador, na antitese dos holandeses e depois respondem nas sondagens que se vivia melhor há 40 anos. Francamente, com o analfabetismo, a mortalidade infantil, a guerra colonial que se tinha, dizer isto numa sondagem até o empedernido colunista sociólogo de direita do DN aos domingos discorda, como eu. Faltará o 25 de Abril chegar às mentalidades.

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