terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A prostituta de Génève

Com a devida vénia à rtp2 e ao seu correspondente em Génève, aplaudo a senhora que adaptou a sua casa de passe às pessoas com deficiências motoras, que assim podem deslocar-se em cadeira de rodas.
Já há uns anos que na Suiça, na Dinamarca e até em Espanha há cursos de formação para prostitutas satisfazerem sexualmente tetraplégicos e outras pessoas com limitações de  motricidade.
Neste caso, o correspondente da RTP2 entrevistou a senhora, que mostrou as obras que fez em casa e contou vários casos. Um deles, o de um tetraplégico com 49 anos que nunca tinha tido uma relação sexual e que teve de obter autorização da família e da instituição em que vive para frequentar a casa de passe.
A senhora explicou com muita clareza. Todas as pessoas têm direito ao carinho e à ternura. O tetraplégico referido tem ereções e era uma tortura impedi-lo de frequentar a casa.
É curioso saber que uma telenovela brasileira já abordou com desassombro este tema. Extensível a pessoas com deficiências mentais.
Devia ser um assunto tratado por especialistas com mais abertura ao respeitável público.
Não me choca nada funcionarem aqui as leis do  mercado e a senhora cobrar o retorno do seu investimento. Chocam-me mais os moralismos condenatórios.
E dedico este texto aos decisores das empresas de transportes e dos centros comerciais, das autarquias e das entidades de fiscalização do estacionamento de carros sobre os passeios, em que há ainda tanto por resolver para que os percursos das pessoas com mobilidade reduzida se façam com autonomia.
Autonomia, escrevi eu, porque mandar uma carrinha dedicada com motorista para pegar na pessoa ao colo não é autonomia; compreendam como funciona a mente humana; ela é como o quetzal, precisa de autonomia, por definição; não carece de demonstração, e isso a senhora de Génève compreendeu.
Aplausos para a senhora.
Por mim, não me choca escrever "a prostituta de Génève", mas se chocar o leitor/a, então leia no título, "a senhora de Génève".

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