Com a devida vénia à SIC, reproduzo algumas ideias dadas pelo diretor do Instituto Superior Técnico à entrevistadora, no âmbito de uma reportagem sobre "Que parva que eu sou" (Nota: a letra da canção é muito clara, afirmando "E parva não sou!...que mundo tão parvo", pelo que não devemos chamar a esta geração "geração parva"):
- o IST tem 11.000 alunos dos quais 1500 em mestrado
- o seu orçamento é de 130 milhões de euros, sendo que só 46 milhões de euros vêm do financiamento oficial; o resto vem das receitas de prestação de serviços a empresas
- 96% dos recem diplomados encontram emprego até 6 meses após a conclusão do curso
- 6% dos diplomados montam empresa própria, e essa percentagem não sobe precisamente porque a empregabilidade é elevada
- efetivamente os cursos no IST são exigentes e continuam a requerer grande participação da Matemática e da Física, que são disciplinas pouco queridas da maioria
- a empregabilidade dos alunos confirma que há empresas em Portugal a produzir bens que podem ser exportados
- a Alemanha pode absorver grande quantidade de recem-formados (lado positivo: as remessas desses emigrantes; lado negativo: a formaçãpo destes técnicos custou dinheiro aos contribuintes que assim subsidiaram os contribintes alemães)
Pessoalmente, tenho acompanhado com satisfação a evolução positiva do IST, até porque é a minha alma mater.
E tenho continuado a lamentar as costas voltadas da maioria dos alunos do ensino secundário para a matemática e a física.
Os resultados do PISA, apesar das ligeiras melhorias, só confirmam isso, que os alunos do ensino secundário têm graves dificuldades de interpretação de textos e graves dificuldades em matemática.
Em vez de privilegiar os cursos virados para a economia de serviços não transacionáveis, a gestão do ensino deveria canalizar a procura para cursos superiores ou profissionais mais virados para a matemática e para a física.
Como diz o professor Carvalho Rodrigues, a maioria dos portugueses não gosta de pôr a Ciência na equação, e devia.
Vejo com satisfação que a organização dos cursos no IST vai ao encontro das necessidades da economia, coisa que confesso que não se fazia muito bem no meu tempo (excesso de afluencia aos cursos de engenharia química, por exemplo).
Resumindo, deseja-se sinceramente que o grupo Deolinda continue a ter exitos nas suas intervenções e que a sociedade portuguesa se organize de modo a melhorar as condições de trabalho dos jovens licenciados (e dos jovens não licenciados, e dos licenciados seniores, e dos seniores não licenciados, etc, etc) mas seria interessante uma análise social determinar os números reais das condições de emprego dos jovens.
É mais um exemplo das dificuldades do PISA: não temos números para debater os factos.
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