A frase foi muito clara: O problema é a falta de profissionais qualificados em Portugal. O pingo doce tem vagas para talhante que não consegue preencher.
Ingressei imediatamente no conjunto de cidadãos e cidadãs que temem a rápida reconversão das escolas profissionais.
Mas resolvi reparar nos preços da carne do pingo doce e da concorrencia do comércio tradicional.
As imagens mostram cartazes de preços de carne em talhos tradicionais.
No mesmo dia, os preços num pingo doce eram, para o coelho 4,99 €/kg; para o lombo de porco 3,99 €/kg; para o vitelão (nome mais fino que novilho) vazia 12,57 €/kg.
Claro que a comparação não é perfeita (coelho 70% mais caro do que no comércio tradicional?!), mas ilustra a sobranceria com que as administrações das grandes superfícies falam ao país (neste caso a afirmação é literal).
Estão as grandes superfícies escandalizadas porque as escolas profissionais não formam talhantes e as instituições que os formam, tradicionalmente, os talhos do pequeno comércio, não os querem ceder, isto é, pagam-lhes melhor do que no pingo doce (lembrei-me agora dos pequenos clubes, que investem na formação de jogadores e depois os vendem porque os grandes pagam bem).
Deste modo, o pingo doce não pode poupar nos custos de formação do pessoal e tem de ser ele a investir na formação.
Não há direito.
Assim vão contratar talhantes para a Polónia (o que seria positivo para a balança de pagamentos portuguesa se a Polónia importasse os nossos bifes e os nossos coelhos).
Ou talvez o senhor presidente estvesse impressionado com as queixas da falta de talhantes a responder aos anuncios que lhe terão reportado na reunião da administraçõ, e então terá tomado a nuvem por Juno, isto é, o acessório, a imagem, pelo essencial, e teve um deslize perante as câmaras de TV; é uma hipótese.
Se é verdadeira a outra hipótese que já coloquei, que as grandes superfícies comerciais eliminam 2 postos de trabalho por cada emprego, e que estão a contribuir para o endividamento através da importação de alimentos, até era bom que fossem para a Polónia.
Mas não sei, é apenas uma hipótese que me parece dever ser estudada pelas universidades da especialidade (economia) e sem ser estudado não há dados para as pessoas decidirem, é o costume neste país; eu confesso que não tenho capacidade nem para a estudar, nem para acreditar nas administrações das grandes superficies.
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