A cidade estado de Singapura ainda tem um território adjacente com alguns quilómetros quadrados.
Graças ao florescimento da economia, foi possível construir na região uma rede de auto-estradas e de vias férreas rápidas.
Confirmando o aforismo que só os ricos podem poupar, a engenharia singapurense desenvolveu um método de construção simultanea das auto-estradas e das vis férreas de modo a reduzir os custos.
Também na China, há vários anos, a engenharia chinesa explicou aos decisores a problemática da energia dos transportes, e por isso foi lançada a construção de uma extensa rede ferroviária (o critério básico é que o atrito da roda de ferro contra ferro é menor do que o atrito da roda de borracha contra o asfalto, donde o consumo específico de um veículo ferroviário ser muito menor do que o de um veículo rodoviário; quando há grandes quantidades de carga a transportar, isso é decisivo). Foi desenvolvido um processo de construção pré-fabricada de viadutos, por módulos, com instalação mecanizada, mais rápida e económica do que a construção tradicional por aterro.
Lembrei-me disto quando vi a reportagem da visita do governo às obras do túnel do Marão.
Tiro o chapéu aos técnicos que o projetaram e executaram, mas ... não explicam aos decisores a componente física da questão?
Estudaram física, que estava no currículo do curso... ou será a dura realidade da economia a fazer com que deixem a física na sombra.
Mais além do Marão, Bragança não tem uma ligação ferroviária de características modernas (também já não tem a linha do Tua, de características obsoletas mas a preservar pelo seu valor de arqueologia industrial e turístico).
O distrito de Bragança perdeu em 20 anos 30% da população.
É uma enormidade.
A falta de comunicações racionais não é uma causa, mas é mais um sintoma da doença que levou à perda de cidadãos e cidadãs.
A reporter disse que para lá do Marão mandam os que lá estão, e logo a seguir o chefe do governo disse que com o tunel irá deixar de ser assim porque são vencidas as dificuldades de comunicação.
Sim, com uma rede de auto-estradas, num país com o maior indicador de quilómetros de auto-estrada por habitante, só igualado pela Austria.
É pena o túnel do Marão não ter uma valência ferroviária, porque assim um país sem dinheiro não pode poupar na exploração das suas vias de comunicação, a menos que queira que Trás os Montes viva eternamente a sua desertificação em apagada e vil tristeza.
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