domingo, 28 de agosto de 2011

À maneira da quadrilha de Carlos Drummond de Andrade

Quadrilha aqui não tem que ver com bandidos.
Quadrilha,  dança de festas de S.João e de solstício de Verão, pode ser como Carlos Drummond de Andrade a escreveu:

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes, 
que não tinha entrado na história


Segue-se uma história quase na mesma forma, a propósito da economia portuguesa.


A é costureira e não consegue arranjar trabalho por causa da concorrência chinesa; tem um terreno em Alvaiazere com uma casa a cair; o sítio é bonito, há vestígios romanos perto e podia construir-se ali um edifício com 4 ou 5 apartamentos e uma piscina e alugar-se a alemães e escandinavos.
B é contabilista e não consegue arranjar trabalho depois do estágio que fez num gabinete de preenchimento de IRS e IRC; o pai é mestre de obras mas não precisa de contabilista porque constrói os prédios sem passar faturas e não tem ficha nas finanças.
C fala inglês fluentemente, domina a Internet e não consegue arranjar outro emprego que não seja temporariamente e sem recibos, numa firma de limpezas.
A, B e C vivem no país do sol e da crise e encontraram a solução.
O pai de B construirá o edifício turístico no terreno de A, B controlará as contas e os empréstimos, e C explorará o empreendimento, angariando os clientes estrangeiros pela Internet.
D não tem nada que ver com esta história, mas casou com B.
Devido a um pequeno problema burocrático que não conseguiram ultrapassar, relacionado com a titularidade do terreno, A, B e C desistiram do projeto. 
A, B C continuam assim a viver no país do sol e da crise, tal como D.

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