Seja S um sistema que consome uma despesa D para obtenção de uma produção P.
Suponha-se que conseguiu reduzir-se a despesa em 20% com o objetivo de aumentar a produtividade, mantendo a produção P.
Suponha-se que a produção depende em 50% da despesa (isto é, 50% dos fatores de produção não são contabilizáveis como despesa corrente, como qualidade dos profissionais, estrutura e métodos de organização, formação).
Suponha-se ainda que, com o corte de 20%, a desmotivação gerada nos agentes do sistema contrariou o objetivo de manutenção da produção e provocou uma diminuição de 10% na produção P.
Nestas condições, na situação anterior, a produtividade era 0,5P/D.
Depois das medidas de austeridade a produtividade passou a ser 0,5x0,9P/0,8D = 0,56125P/D.
Isto é, um corte de 20% nas despesas correntes provocou um aumento de produtividade de 12,25%.
No entanto, num grupo de mão de obra intensiva e de baixas qualificações, será admissível que a dependência da produção relativamente à despesa desça para 40% e que a desmotivação provoque uma diminuição da produção de 30%.
Neste caso teríamos, na situação anterior às medidas de austeridade uma produtividade de 0,4P/D.
E na situação posterior às medidas de austeridade, 0,4x0,7P/0,8D = 0,35P/D.
Isto é, baixou-se a despesa à custa da pior utilização dos recursos.
Difícil, este mundo.
Não admira que o senhor ministro das finanças, que possivelmente não se preocupa com as minudências dos casos concretos, apresente olheiras cada vez maiores, com a agravante de, não sendo muito alto, a relação entre o volume das olheiras e o volume total ser cada vez mais evidente.
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