Antecedentes:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/08/taxez-nous.html
Deliciosa a discussão sobre o imposto sobre os ricos.
Ver como o senhor presidente da República vem, cuidadoso, sugerir que seja só sobre os rendimentos do IRS.
Vem o senhor doutor Medina Carreira e diz que isso, "é uma estupidez" (se é verdade o que o DN diz).
E, na verdade, se a taxa extraordinária incidir sobre o IRS, o rendimento do capital fica de fora .
Então Medina Carreira explicou (até porque teve experiencia em grupo de trabalho anterior) que se for obrigatório o depósito dos títulos em entidades bancárias, o imposto (pode ser imposto normal) será cobrado às entidades bancárias e não aos titulares.
Este blogue aplaude e acrescenta que parece justo estender o conceito a qualquer depósito em dinheiro ou em espécie, ações, dividendos, etc.
Claro que tinha de acabar o sigilo bancário, o que seria uma machadada na desfocagem da linha divisória entre a legalidade e a ilegalidade (i.é, focaria a linha).
Vêm depois os senhores comentadores esclarecidos da televisão explicar que tudo isso são tiros nos pés, porque o capital assim foge (será verdade a notícia do DN, que nos primeiros 6 meses de 2011, portanto antes de se falar nos impostos sobre os ricos, sairam do país 1.600 milhões de euros em depósitos?).
E também que, assim, as oportunidades de criação de emprego diminuem, e o dinheiro debaixo do colchão aumenta.
Se estivessemos em Castela dir-se-ia, pues que se vayan.
Mas cuidado que nos outros países tambem se está combatendo a fuga aos impostos (nuns mais do que noutros, como se vê pelo caso da Holanda, e mesmo assim, o tratamento amigo é só para estrangeiros, não para holandeses).
Vale que nem todos os senhores grandes empresários vêm com a desculpa tonta de que são simples assalariados.
Só prova que são inteligentes, e que não podem matar a galinha dos ovos de ouro que são os fatores de produção.
Se o capital sair do país (estarão esquecidos que no ultimo trimestre de 1973 houve uma fuga maciça de capitais de Portugal para o estrangeiro?) ficaremos mais pobres, mas isso será relativamente à situação antes da crise.
Agora, já estamos pobres e deveriamos adaptar tudo a essa condição (importar menos e substituir importações, como vem nos livros, embora o governo prefira cortar a direito), caçar como o gato, já que nos levaram o cão.
Aliás, quando Portugal aderiu ao euro, a diferença de salários para a mesma profissão entre Portugal e Espanha era de 1 para 3. Estava bem de se ver que essa diferença não poderia deixar de se refletir em qualquer sítio.
É uma pena se ficarmos sem tão preclaros empreendedores, mas nas empresas há sempre gente que é capaz de puxar por elas.
Ah, é verdade, os iates de luxo vão passar a ser registados nas Baleares? Então a Policia Maritima não pode pedir a carta de marinheiro ao proprietário e conferir a residencia? É que se pode taxar a permanencia para alem de 6 meses de um veiculo registado no estrangeiro... Tem é de se pedir à Policia Maritima para tratar do assunto.
E no meio disto tudo, destaque para a análise (a mim pareceu-me marxista) do senhor presidente do BIC, que, depois de receber modestamente os parabens pela compra (?) do BPN, redirecionando-os para os seus acionistas (o clã angolano), explicou que em época de crise, os fortes reagem utilizando a sua força para sobreviverem, enquanto os pobres, embora em maior número mas mais fracos, se tramam; e acrescentou que era da natureza humana.
Enfim, maravilhas da atualidade.
Fascinante, como diria mister Spock da nave Enterprise.
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