segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Virginia, ópera de Mercadante
Saverio Mercadante, compositor napolitano do século XIX, precursor de Verdi,desgostoso com o fracasso da revolução de 1848, em Nápoles e com o regresso do rei Fernando II como monarca absoluto, sem constituição, compôs a ópera Virginia.
Interessante como a ópera pode ter uma função politica.
O que será natural porque a musica ilustra as emoções e o espirito das coisas e das intenções e a ação dramática, pelo seu convencionalismo, desenvolve a capacidade de abstração e de interpretação dos espetadores.
Com o tempo a ópera foi perdendo a popularidade (já são raras as apresentações no Coliseu), e nos tempos que correm já se escrevem poucas óperas.
Mas é justo destacar John Adams, contemporaneo, autor por exemplo, de A morte de Klinghofer (o assalto ao Achille Lauro),a tentar moderar a opinião publica norte-americana, pouco dada a apoiar a causa palestiniana, não obstante as resoluções da ONU.
Tambem não parece oportuno em Portugal estar a escrever óperas com intervenção politica.
Por exemplo, para tentar perceber como o poder politico neste momento continua a servir o poder económico (poupando nos impostos aos grandes grupos, por exemplo) e como, depois de omitir a responsabilidade da crise financeira internacional na má situação portuguesa, defende a mesma ideologia que conduziu à crise (melhor representada agora pelo "tea party").
No entanto, é justo destacar uma ópera portuguesa contemporanea, Banksters, de Nuno Corte Real, inspirada na peça Jacob e o Anjo de José Régio.
Banksters é a associação entre Bankers e Gangsters, o que diz quase tudo.
Honra a Vasco Graça Moura, responsável pelo libreto, e que assim viu o seu nome associado à desmitificação do poder financeiro que o seu partido politico tanto acarinha.
Mas voltando a Virginia, a história passa-se no século V antes de Cristo, na Roma antiga, quando estoira uma revolta dos plebeus, artífices e comerciantes, contra os patrícios, dedicados à guerra e à posse da terra. Estava ainda longe a revolta dos escravos de Spartacus. Em consequencia da revolta, foi permitido aos plebeus participar na vida politica e casar as suas filhas com patricios. Mas Virginia, filha de plebeu e amante de um patricio, já não beneficiou dessa lei.
É o processo histórico. Gerações e gerações que se sucedem sem beneficiar das leis da igualdade, da fraternidade, da liberdade.
Pena já não se fazerem óperas como antigamente, que temas não faltam.
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