segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Detroit, 1967

Detroit, 1967

Em 1967, em Detroit, uma revolta de rua provocou cerca de 40 mortos durante a repressão policial.
Havia um problema na cidade que se traduzia por um muro que separava a zona em que a população branca podia construir habitações porque tinha acesso ao crédito, da zona em que a população negra não tinha acesso ao crédito (informação retirada de um programa Odisseia sobre as crises financeiras).
Em 1974, na Irlanda do Norte, a polícia, sem qualquer provocação, disparou a matar sobre manifestantes irlandeses (o governo inglês veio anos mais tarde a apresentar desculpas).
Estes dois pequenos exemplos servem apenas para mostrar que as populações ocidentais  não têm  razão para se sentirem superiores a quem quer que seja e que tenha necessidade de se manifestar, com mais ou menos ingenuidade ou mais ou menos enganados.
E seria bom que os meios de comunicação social não incentivassem esse sentimento de superioridade, esse “espírito de cruzados”.
Como exemplos mais modernos temos as manifestações em bairros suburbanos em França há três ou quatro anos, em Vancouver em Junho de 2011, pouco antes do atual senhor ministro da economia deixar a cidade (escreveu no seu blogue, que vergonha), e agora, em Agosto de 2011, em Totenham, Londres, com mais carros incendiados.
Seria bom que os senhores economistas e políticos que governam o mundo, possivelmente como interpostas pessoas, compreendessem a correlação entre desemprego e vandalismo.

PS - Amável comentador que não quis enviar o comentário chamou a atenção para que o desemprego não é a principal causa do vandalismo.
Claro que não, por isso escrevi correlação, que é o que se pode deduzir de dados estatísticos. Pena a minha conclusão só poder ser retirada de dados estatísticos de um pais estrangeiro (no caso vertente, dos USA, através de Freakonomics, de Steven Levitt), porque em Portugal os senhores dos governos e os senhores académicos, pese embora o esforço da Fundação Manuel dos Santos, ligam pouca importancia ao estudo dos dados. E assim, como qualquer médico sem análises, é muito dificil tratar o doente. Aliás, quem falou em partes doentes da sociedade foi o senhor primeiro ministro da Inglaterra, a propósito da generalização das pilhagens na sua terra. Como dizia J.M.Pureza, é preciso lata. Defendem religiosa e fundamentalistamente a ideologia liberal (esquecendo a parte em que Adam Smith dizia que o interesse egoista não podia prejudicar o interesse coletivo) e agora admiram-se do desemprego gerar disfunções da sociedade? Ah, mas é verdade, não é só o desemprego, é o insucesso escolar, é o abandono à sua sorte das crianças com limitações psiquiátricas que não conseguem adquirir competencias para  o trabalho (lá está outra vez o desemprego), é a não inclusão de imigrantes (por sua vez expressão do insucesso escolar e assistencial dos paises de origem). 
E admiram-se, os senhores dirigentes da coisa pública?
Ora, se lessem a declaração universal dos direitos humanos e se se deixassem de guerras, offshores e fundamentalismos ideológicos...

Sem comentários:

Enviar um comentário