quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A taxa de acesso rodoviário a Lisboa

Este blogue aplaude o projeto da câmara de Lisboa de taxar os acessos rodoviários a Lisboa.
Compreende-se o protesto dos moradores nos arredores que trabalham em Lisboa ou têm de a atravessar ou contornar para exercerem a sua profissão.
Não tiveram culpa de, ao longo de anos, os ignorantes que detinham o poder decisório terem montado um modelo disfuncional de urbanismo e transporte na área metropolitana de Lisboa baseado em combustível mais barato do que o diferencial das rendas entre Lisboa e os arredores.
Como consequencia, agravamento progressivo do consumos energético (porque o transporte rodoviário é menos eficiente do que o ferroviário) e de emissões de CO2, que neste momento é necessário reduzir por razões económicas.
Quanto ao argumento de que "só depois de transportes publicos eficientes" poderá aplicar-se a taxa, convirá reparar que neste momento os ditos transportes público têm capacidade desaproveitada.
Temos assim um duplo desperdicio: ocupação reduzida nos comboios e excesso de automóveis nas vias rápidas de acesso a Lisboa.
Deverá reabilitar-se a habitação em Lisboa e aplicar politicas de urbanismo que levem as pessoas a regressar à cidade desertificada.
Se os projetos forem bem feitos, podem beneficiar de fundos europeus através do QREN.
Este blogue repete o que já disse: deveria ser um objetivo estratégico transferir a curto prazo 10% das deslocações em automóvel privado para o modo ferroviário.
Ver:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/08/calculos-para-investimento-em-redes-de.html

A distribuição atual mostra uma distorção análoga às análises de um doente grave, pelo que exige intervenção.
Muita pena que o ministério da economia do atual governo, caso seja correta a noticia, tenha revelado ignorancia quando veio afirmar que não se pronunciava sobre assuntos de camaras municipais.
Transportes duma área metropolitana, até porque só se pode planear transportes juntamente com o planeamento do urbanismo e do ordenamento territorial, são assunto nacional, quanto mais não seja por causa do teorema de Fermat-Weber.
A fusão do metro, da Carris e da EMEL, para alem de estar inscrita nos anteriores PEC e no memorando da troica, é um assunto nacional e está diretamente relacionado com a taxa de acesso proposta.
É dificil ao ministério da economia aceitar isto, ou ainda não teve tempo para assimilar a gravidade da situação (que, efetivamente, não pode ser tratada sem investimentos)?



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