"Foyse gastando a esperança" é uma canção de autor anónimo português do século XVI que chegou até nós através do Cancioneiro de Paris.
É provável que seja uma composição de Pero de Escobar, que passou grande parte da sua vida em Espanha.
Um pouco anterior a Camões, que glosou o tema numas redondilhas ("... no meio desta porfia, de quanto bem pretendia , foi-se gastando a esperança ... quando já não era meu, fui entendendo os enganos...").
Não consegui encontrar uma versão para três vozes, conforme o original, mas a adaptação para piano de Nuno Raimundo é uma beleza.
O século XVI em Portugal foi caracterizado por uma grande acumulação de riqueza em faixas restritas da população, graças às mais valias do comércio das especiarias e da escravatura da India e de África, e do intercambio comercial com a Europa central.
Enquanto a nobreza e a realeza contraiam dívidas e a população fornecia mão de obra barata para a expansão.
Esperemos que 5 séculos depois as pessoas deste país não gastem a esperança em vão.
É que os esforços dos habitantes deste país, da sua maioria, dos que trabalham e não têm o poder de decisão, ao longo destes 5 séculos, raramente atingiram a convergencia necessária para melhorias substanciais.
E mesmo assim, nesses poucos casos, apareceram sempre depois alguns conterraneos muito senhores dos seus meios de produção ou fontes de rendimento a repreender a maioria dos seus concidadãos e concidadãs.
Sem comentários:
Enviar um comentário