quinta-feira, 17 de maio de 2012

As rendas da co-geração

O senhor ministro da Economia disse aos jornalistas que estava muito contente por ter reduzido as rendas que sobrecarregam "o tarifário " da eletricidade.

O senhor ministro não tem formação em Física, e tem tendencia para esquecer

que um sistema físico é conservativo, isto é, o balanço global é constante, o que pode variar á proporção dos componentes.

Ou dito de outra maneira, quando se poupa num lado, 100 milhões de euros, diz o senhor ministro, gasta-se no outro, nada se cria (nas zonas de expansão do universo e da energia escura a conversa é diferente , mas o senhor ministro da Economia não está lá ainda).

Claro que não são populares as “rendas”. Infelizmente não é possível eliminar o termo fixo da equação linear de primeiro grau das tarifas de qualquer fluxo.

Os senhores economistas sabem isso, mas assim talvez ganhem votos.

O problema é que a energia é um grande problema, e a senhora preseidente da associação de co-geração europeia fez declarações pouco abonatórias do senhor ministro.

Claro que vão dizer que é uma parte interessada.

Só que é uma parte interessada numa solução parcial do problema da energia que tem reflexos nas exportações de bens transacionáveis (coisa que os senhores economistas sabem que é importante).

A engenharia das energias ensina que a co-geração, ou produção combinada de eletricidade e calor (ou produção de mais eletricidade com o mesmo combustível aproveitando o calor para fazer vapor turbinando-o e aumentando o rendimento da produção de energia elétrica para quase 70%).

No caso português, a co-geração tem utilizado o gás natural, principalmente à entrada de centros industriais que produzem bens exportáveis (combustíveis refinados, pasta de papel…).

As medidas deste governo vão aumentar os custos de produção e aumentar também as emissões de CO2 por utilização de fontes de energia mais poluentes por menor rendimento de conversão.

Não se discute a necessidade de aproximar os custos de venda dos custos de produção, eliminando subsídios (o que deverá ser feito após discussão aberta com as partes interessadas), mas alterações bruscas em qualquer sistema, como qualquer pessoa com formação física sabe, induz instabilidade.

E porque será que na Alemanha subiram os estímulos à co-geração?

Como disse um produtor nacional, alguém no ministério da Economia anda a dormir.

Do ponto de vista energético, a politica do senhor ministro da Economia é perigosa, mesmo que reduza as tarifas.

Extrato das declarações da senhora presidente da Ecogen Europe:

"Portugal deve olhar bem para as oportunidades que a directiva de eficiência energética traz, em vez de olhar para isto como um custo … se o País quer manter o sector industrial forte e cortar importações, deve apostar na eficiência da rede energética para ser competitivo … se quer que a indústria cresça, não pode sabotar as indústrias existentes".

É um principalmente um problema de energia, de eficiência energética, não é um problema de custos.

Mas é difícil explicar isto.

Ver em :

http://www.cogeneurope.eu/about-cogen-europe_2.html



PS em 21 de maio de 2012 - Dado que a co-geração se destina a produzir calor, para alem de eletricidade,  ou a obter mais eletricidade a partir da mesma quantidade de um combustível fóssil, normalmente gás natural, ela tem sido muito utilizada à entrada de grandes instalações industriais. Diminuindo o volume de co-geração, no primeiro caso (produção de calor) a empresa industrial tem de obter o calor a partir de outra fonte, provavelmente óleo fuel, com maior impacto ambiental; no segundo caso (produção de eletricidade com elevado rendimento) a diminuição de co-geração induz o aumento do pedido de mais eletricidade à rede; em ambos os casos, diminui o pedido de gás à rede de gás, com risco dos fornecedores compensarem a quebra de receitas com o aumento das tarifas dos consumidore domésticos; mas esta é uma hipótese; isto dos mercados nunca se sabe)




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